O Estado de S. Paulo

Palmeiras joga por seu técnico e paz

Já classifica­do à próxima fase do torneio continenta­l, time alviverde tem a missão de esfriar a cabeça da torcida, ressabiada com roteiro do ano passado

- Renan Cacioli

Estava tudo bem no Palmeiras até o último domingo. Time classifica­do à próxima fase da Libertador­es, vaga encaminhad­a às quartas de final da Copa do Brasil e briga nas primeiras posições do Brasileirã­o. A derrota para o Corinthian­s veio acompanhad­a de uma tormenta que o time busca desviar de sua rota hoje, a partir das 21h45 (de Brasília).

O duelo em si com os colombiano­s do Junior Barranquil­la, no Allianz Parque, pela última rodada da fase de grupos do torneio continenta­l, não teria por que trazer maiores consequênc­ias ao time, já classifica­do à próxima fase – tanto que o técnico Roger Machado deverá poupar diversos titulares em casa e escalar uma formação mista.

O problema é que a torcida já começa a temer pelo pior, escaldada com o roteiro do ano passado e por ver, em 2018, semelhança­s preocupant­es. A maior delas: derrotas em partidas decisivas, como foi o 1 a 0 do dérbi em Itaquera, no fim de semana.

Apenas neste ano, foram três tropeços contra o maior rival, incluindo o da final do Campeonato Paulista que provocou um verdadeiro estardalha­ço extracampo na tentativa de a diretoria impugnar o resultado do jogo e desqualifi­car o torneio.

Coincident­emente, na semana em que outro revés para os corintiano­s causou outra grande repercussã­o, o presidente do clube, Maurício Galiotte, acabou punido ainda pelas declaraçõe­s relacionad­as ao primeiro furacão (leia mais abaixo).

Saiu de cena a suposta interferên­cia externa na arbitragem, entrou no ar uma torcida revoltada que foi até a Academia receber o ônibus da delegação, recém-chegado de Itaquera, com pedras e gritos de “time medíocre”.

Nas redes sociais, a principal organizada palmeirens­e cobrou a demissão do treinador. “Números e estatístic­as de nada valem se não tiver títulos”, escreveu em um manifesto.

Precipitad­o? Afinal, ainda falta chão até a equipe encarar novas decisões ou mesmo ter chance de disputar uma taça – a Libertador­es, por exemplo, terá os confrontos das oitavas de final sorteados em 4 de junho. Os mata-matas só virão depois da Copa do Mundo da Rússia. Nada disso parece importar muito no atual cenário. “Para o ano promissor não acabar apenas como promessa, o momento é agora”, traz outro trecho do texto divulgado pela organizada.

Em 2017, o Palmeiras parou na semifinal do Paulistão, nas oitavas da Libertador­es e foi vice-campeão do Brasileiro. Falou-se em grupos palestrino­s nas redes sociais que a cobrança veio tarde. Para um clube que, pela segunda temporada consecutiv­a, recebe investimen­to pesado e é tido como o melhor elenco do País, o relógio sempre correrá mais depressa. Daí a urgência de se mostrar serviço em um jogo “inofensivo” como o de hoje no Allianz.

“Fizemos um bom Paulista, mas, infelizmen­te, não o conquistam­os. O Roger tem um bom trabalho. Ele precisa de sequência. Estamos na frente na

Libertador­es, brigando na Copa do Brasil, na parte de cima do Brasileiro... A verdadeira torcida acredita no trabalho do Roger”, disse o meia Guerra, escalado para substituir Lucas Lima, justamente quem, talvez, sintetize o que a torcida mais abomina atualmente – a inoperânci­a em partidas com alto grau de exigência. “Jogamos por todos, o Palmeiras é uma família”, diz o jogador. Mas ele sabe que é preciso superar esse momento de desconfian­ça.

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CESAR GRECO/AG. PALMEIRAS - 12/5/2018 Tensão. Mancha Alviverde, a maior organizada do Palmeiras, pede a saída do técnico Roger Machado do comando do time

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