Grupo político tenta barrar ‘emenda Leila’
Movimento formado por conselheiros é contra a mudança no estatuto que ampliará tempo de mandato de presidente
A votação que pode alterar o estatuto do Palmeiras, marcada para o próximo dia 21, continua repercutindo bastante nos bastidores do clube. O grupo ‘Movimento Palmeiras Responsável’, que critica o atual presidente, Maurício Galiotte, e a empresária Leila Pereira, conselheira e principal patrocinadora palmeirense, divulgou ontem um comunicado se opondo ao desejo da dupla, de aumentar a duração de mandato para o cargo de dois para três anos, que teria validade já para o próximo mandatário eleito pelos sócios.
O grupo, formado por conselheiros de diversas correntes políticas, busca barrar o que ficou conhecido no clube como “emenda Leila”, dado o interesse da empresária de fincar cada vez mais raízes no comando alviverde. O processo também é tratado como uma forma de antecipar a chegada da empresária à presidência e possibilitar que ela suceda a Maurício Galiotte logo após a saída dele.
Se a alteração for aprovada, o ganhador do pleito marcado para o próximo mês de novembro ficará no cargo até 2021. A mudança gera polêmica e tem como pivô principal a presidente da Crefisa. Favorável ao mandato de três anos, Leila Pereira atua nos bastidores para conquistar mais apoiadores. Se a alteração for aprovada, ela teria tempo para atender o requisito necessário para se candidatar à presidência em 2021.
Eleita conselheira do Palmeiras em 2017, Leila precisa obrigatoriamente estar no mínimo no segundo mandato de quatro anos na função para concorrer ao comando do clube. Isso pode ser cumprido em fevereiro de 2021, data do novo pleito para o Conselho, e nove meses antes disputa presidencial.
O principal argumento do grupo é que a proposta de alteração seria mais viável de ser colocada em prática apenas futuramente, não já para o próximo mandato, por configurar uma mudança muito brusca. Conselheiros que apoiam esta corrente explicam que a crítica não é direcionada aos apoiadores do mandato de três anos, mas sim ao conceito que embasa a proposta.
No documento divulgado pelo ‘Movimento Palmeiras Responsável’, o grupo afirma que “não é aceitável em processos democráticos que alterações estatutárias relevantes possam modificar o processo eleitoral, eventualmente beneficiando a gestão em curso” e apresentam uma proposta: “nenhuma alteração nestes termos pode ter validade na eleição imediatamente subsequente, ou estaríamos legitimando o casuísmo político”.
Além disso, a nota afirma que “esta ação coordenada pela Diretoria Executiva tem causado fraturas nas relações políticas do clube” e diz que “três vice-presidentes da atual gestão, bem como o vice-presidente do Conselho Deliberativo são contrários a esta alteração repentina”.
Cenário. A mudança estatutária avançará se no mínimo 143 dos 284 conselheiros (50% mais um voto) aceitarem a proposta, que pode ser votada independentemente do número de presentes. O passo seguinte para uma possível implementação seria a apreciação do assunto pelos sócios do clube.