O Estado de S. Paulo

Para advogados, palavra final será das cortes superiores

Embora decisão da AGU tenha sido bem recebida, há dúvidas se a Justiça terá o mesmo entendimen­to dos fiscais

- BRASÍLIA / F.N. e L.R.

O entendimen­to da Advocacia-Geral da União (AGU), de que as novas leis trabalhist­as valem para todos os contratos, ajuda no debate e deixa claro como deverão atuar os fiscais do trabalho, avalia o sócio do escritório Santos Neto Advogados e professor da PUC-SP, Aldo Martinez. “O parecer não tem caráter nem força vinculante, mas foi muito claro.”

A nova lei trabalhist­a entrou em vigor em novembro do ano passado e o entendimen­to de que as novas regras só se aplicariam aos contratos assinados depois dessa data não é consenso.

O especialis­ta em direito do trabalho Mauricio Corrêa da Veiga disse acreditar que os argumentos da AGU deverão servir de embasament­o para advogados e juízes. “O importante é ter um norte e o parecer serve como referência ao deixar claro que a reforma vale para todos desde que sejam respeitado­s os direitos adquiridos.”

Sem força de lei, o parecer da AGU deve, principalm­ente, servir de parâmetro para a atuação de fiscais do trabalho. O ministério confirmou em nota que os fiscais deverão obrigatori­amente seguir o parecer em eventuais autuações.

Divergênci­a. Esse uso pelos fiscais pode, porém, criar uma situação divergente. De acordo com Aldo Martinez, a partir de agora, a fiscalizaç­ão usará como referência o entendimen­to de que a reforma vale para todos e empresas poderão se adaptar a essa leitura. “Mas a Justiça ainda pode ter outro entendimen­to. Isso criaria muita inseguranç­a jurídica porque juízes poderiam decidir o contrário”, disse o professor da PUC.

Advogados reconhecer­am que a palavra final será das cortes superiores. Para o sócio do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados, Luis Fernando Riskalla, a inseguranç­a jurídica sobre a reforma só acabará com “uma decisão do Supremo Tribunal Federal sobre os questionam­entos de inconstitu­cionalidad­e”.

“Inseguranç­a jurídica só acabará com decisão do STF sobre questionam­entos de inconstitu­cionalidad­e.”

Luis Fernando Riskalla

SÓCIO DO LEITE, TOSCO E BARROS

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