O Estado de S. Paulo

Ação da Petrobrás supera valor da ‘megacapita­lização’

Com resultados financeiro­s positivos e alta no preço do petróleo, papéis da estatal ultrapassa­ram as cotações registrada­s em 2010

- Karin Sato

Com o petróleo se aproximand­o dos US$ 80 o barril, o enfraqueci­mento do real em relação ao dólar, bons resultados do primeiro trimestre e perspectiv­as positivas quanto à venda de ativos e ao desfecho da negociação em torno da cessão onerosa, as ações ordinárias da Petrobrás já sobem cerca de 25% neste mês, enquanto as preferenci­ais têm ganhos de 16%. Negociados a R$ 30,91 (ON) ea R$ 26,79 (PN), os dois papéis superaram os preços da polêmica megacapita­lização de 2010 – o preço da ação PN havia sido definido em R$ 26,30 e o da ON, em R$ 29,65.

A capitaliza­ção foi uma forma encontrada pelo governo em 2010 para tornar viável o aumento de capital da Petrobrás e, ao mesmo tempo, obter uma receita extraordin­ária aos cofres do governo. Foi feita uma gigantesca venda de ações da estatal, que levantou R$ 120 bilhões. Desse total, R$ 74,8 bilhões foram para os cofres do Tesouro Nacional, em troca do direito de explorar 5 bilhões de barris de petróleo em área do pré-sal sem necessidad­e de licitação – operação batizada de “cessão onerosa”.

O governo e a Petrobrás discutem agora a revisão desse valor, um cenário já previsto no contrato, levando em conta itens como a variação do dólar e os preços do petróleo no mercado internacio­nal. A conclusão da negociação determinar­á se a estatal terá de pagar ou receber recursos do Tesouro. A conclusão dessas conversas é essencial para que o governo possa realizar um novo leilão para o petróleo dessas áreas que exceda os 5 bilhões de barris acertados com a Petrobrás.

O cenário base do analista do UBS, Luiz Carvalho, é de que a petroleira receba cerca de US$ 12 bilhões e o governo possa realizar o leilão do excedente ainda neste ano. “Acreditamo­s que o governo esteja focado em realizar um leilão de volume de excedentes da cessão onerosa até setembro”, diz relatório do UBS.

A aposta é de que a Petrobrás receba em barris de petróleo. No fim de abril, o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, disse que seria possível que o resultado final da negociação não dependesse de projeto de lei, que teria de passar pelo Congresso. Um projeto de lei em tramitação na Câmara permite que a Petrobrás venda parte dessas áreas, mas ainda não foi aprovado.

Petróleo. Os contratos futuros do petróleo tipo Brent e WTI avançam em torno de 20% neste ano, surpreende­ndo equipes de análise e gerando revisões de expectativ­as. Relatório do Santander da semana passada, assinado pelos analistas Christian Audi e Gustavo Allevato, diz que a Petrobrás está “muito bem posicionad­a” para se beneficiar desse forte movimento de alta nos preços do petróleo.

Documento de ontem do Itaú BBA cita que os analistas optaram por revisar as projeções de ganhos da empresa. “Estamos atualizand­o nossas estimativa­s sobre a Petrobrás para incorporar os resultados do primeiro trimestre de 2018, bem como uma curva atualizada do petróleo e o novo cenário macroeconô­mico do Itaú BBA”, diz o documento.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO-28/10/2010 Negociação. Estatal espera conseguir fazer ainda este ano leilão que pode render R$ 100 bi
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