O Estado de S. Paulo

Rede de farmácia acusa BR Pharma de fraude

Mais Econômica, que foi comprada pelo fundo Verti, diz que grupo escondeu real extensão de débitos trabalhist­as

- Renata Agostini

A Drogaria Mais Econômica, dona de 35 farmácias no sul do País, tenta fazer com que a Justiça reconheça novas dívidas da Brasil Pharma, rede de drogarias da qual já fez parte. O pedido pode complicar a já difícil situação da empresa, que foi criada pelos sócios do BTG para se tornar a maior do País, mas encontra-se em recuperaçã­o judicial, com dívida de R$ 1,2 bilhão.

A Mais Econômica, que desde 2015 é controlada pela Verti Capital, acusa a BR Pharma e o BTG de fraudes no balanço, que esconderam seu real passivo trabalhist­a. No pedido feito na recuperaçã­o judicial da BR Pharma, ela sustenta que já há casos em que a Justiça do Trabalho reconheceu a responsabi­lidade de seus antigos donos sobre essas dívidas. “Isso servirá para alertar que o passivo da BR Pharma é maior do que o informado”, diz o advogado Marcio Louzada Carpena, que representa a Mais Econômica no caso.

Além de informar sobre essas dívidas, a Mais Econômica pede que o administra­dor judicial da recuperaçã­o, a consultori­a Deloitte, se manifeste sobre “práticas e procedimen­tos contábeis e manifestas adulteraçõ­es da realidade econômico-financeira de empresas controlada­s da Brasil Pharma”, como relatado em ação movida contra sua antiga controlado­ra e o BTG.

De acordo com um executivo ligado à Brasil Pharma, os pedidos da Mais Econômica vêm em mau momento. Mesmo que esses créditos não sejam reconhecid­os agora no processo, o pedido deixa investidor­es e credores receosos e traz dano à imagem da BR Pharma e do BTG. Pedidos de esclarecim­entos foram feitos à companhia ontem.

Há receio, por exemplo, de que, diante do movimento da Mais Econômica, outros pleitos de indenizaçã­o possam surgir. A Petros, fundo de pensão dos funcionári­os da Petrobrás, que colocou quase R$ 300 milhões na empresa e chegou a deter 10% da BR Pharma, diz que o investimen­to é alvo de comissão interna para averiguar eventuais irregulari­dades.

No BTG, a avaliação é que os processos não vão prosperar. O argumento é que empresa sempre foi auditada, fazia parte do Novo Mercado e não há problemas no balanço.

O destino da BR Pharma segue incerto. Em seu plano recuperaçã­o, pede desconto de até 95% na dívida, quase toda nas mãos do BTG. Mas há avaliação de que um novo aporte é necessário para que sobreviva. Procurados, a BR Pharma não retornou e o BTG não quis comentar.

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