O Estado de S. Paulo

Novo prazo para rodovias fica no papel

Governo desistiu de propor o alongament­o, para 14 anos, do prazo para investimen­to em concessões rodoviária­s; empresas criticam decisão

- Lu Aiko Otta / BRASÍLIA

Ao contrário do que prometeu às concession­árias, o governo decidiu não mais propor medida provisória (MP) ou projeto de lei para alongar de 5 para até 14 anos o prazo para a realização de investimen­tos prometidos em contratos de concessão de rodovias federais. Considerad­o fundamenta­l para salvar principalm­ente os empreendim­entos leiloados no governo de Dilma, esse prazo adicional poderá até ser criado, desde que seja uma proposta do próprio Congresso Nacional.

O governo chegou a editar uma MP no ano passado, de número 800, para permitir a mudança dos contratos. Ela, porém, não foi votada pelo Congresso a tempo. Perdeu a validade no fim de fevereiro sem produzir efeito, apesar de a Agência Nacional de Transporte­s Terrestres (ANTT) ter recebido quatro pedidos de alongament­o de prazo com base na MP.

Quando a MP perdeu a validade, o governo prometeu editar uma nova MP ou enviar ao Congresso um projeto de lei com pedido de tramitação em regime de urgência. A promessa, porém, não foi cumprida.

Segundo informou ao Estado o ministro dos Transporte­s, Portos e Aviação Civil, Valter Casimiro, os termos da MP 800 poderão ser recriados por um projeto de lei a ser apresentad­o por algum deputado da base governista. Mas ainda não está decidido se a iniciativa será tomada. No momento, é feita uma avaliação política sobre as chances de a iniciativa avançar.

“Já estou pronto a apresentar (o projeto de lei), desde que o governo apoie e o presidente da Câmara se comprometa em pautar”, disse o deputado Maurício Quintella (PR-AL), que era o ministro dos Transporte­s quando a MP 800 deixou de vigorar. Além de dar mais prazo para os investimen­tos, o projeto de lei vai prever punições para a concession­ária que, beneficiad­a com o prazo mais longo, volte a ficar inadimplen­te. Nesse caso, ela será declarada inidônea e ficará dez anos sem poder contratar com o governo.

“É lamentável”, disse o presidente da Associação Brasileira de Concession­árias de Rodovias, César Borges, em relação à decisão do governo. Ele acrescento­u que, sem uma nova adequação dos prazos, as rodovias serão devolvidas, quando o governo concluir o decreto da relicitaçã­o. “Isso trará atraso maior dos investimen­tos e, certamente, tarifas de pedágio maiores.”

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SEM SOLUÇÃO FONTE: ANTT INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO

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