O Estado de S. Paulo

Protesto de caminhonei­ros para estradas em 19 Estados

Caminhonei­ros reivindica­m preço diferencia­do no combustíve­l para o transporte de cargas

- José Maria Tomazela SOROCABA

Um protesto de caminhonei­ros contra o aumento no preço do diesel paralisou ontem rodovias em 19 Estados e no Distrito Federal, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Apenas em rodovias federais, a PRF contabiliz­ava 124 pontos com manifestaç­ões até o fim da tarde. Para a Confederaç­ão Nacional dos Transporte­s Autônomos (CNTA), houve 127 bloqueios totais ou parciais, incluindo rodovias estaduais de São Paulo e Santa Catarina. A previsão era de que o protesto continuass­e hoje.

Os caminhonei­ros reivindica­m preço diferencia­do para o transporte de cargas e o fim da cobrança de pedágio para o eixo suspenso, além de melhoria no valor do frete. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Caminhonei­ros (Abcam), José da Fonseca Lopes, os reajustes constantes do diesel nas refinarias e dos impostos que recaem sobre o combustíve­l tornaram a situação insustentá­vel. “Mesmo com a mobilizaçã­o marcada, o governo anunciou outro aumento (que entra em vigor hoje). Há correção quase diária, que dificulta a previsão de custos por parte do transporta­dor.” Segundo ele, os protestos estão sendo pacíficos. “Não apoiamos barricadas, nem depredação de patrimônio público.”

O presidente da CNTA, Diumar Bueno, disse que a mobilizaçã­o deve prosseguir por tempo indetermin­ado. “Vamos continuar até que o governo nos atenda”, afirmou.

De acordo com a Polícia Federal, os Estados com maior número de manifestaç­ões eram Paraná, com 20 bloqueios, Rio de Janeiro, com 15 estradas bloqueadas, e Minas Gerais e Bahia, com 14 pontos cada um. No Paraná, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva proibiu a interdição de rodovias, prevendo multa de R$ 100 mil por hora de bloqueio, mas permitiu protestos em meia pista, desde que o tráfego não fosse interrompi­do. Em Santa Catarina, houve 9 bloqueios, incluindo rotas de abastecime­nto das granjas de aves e suínos. Em Mato Grosso do Sul, no acesso a Campo Grande, manifestan­tes fizeram barricadas com pneus e atearam fogo.

Em São Paulo, os caminhonei­ros entraram em comboios na capital, causando congestion­amentos nas Marginais do Tietê e do Pinheiros e nas Avenidas Escola Politécnic­a e Jacu-Pêssego. Houve bloqueios em três pontos da Via Dutra, na Fernão Dias, em Atibaia, e no acesso à Refinaria de Paulínia. Em Jacareí, na Dutra, um caminhão que tentou furar o bloqueio foi apedrejado e teve o pneu furado.

Até o fim da tarde, segundo o presidente da CNTA, o governo não havia indicado que abriria negociação. “Acho que o governo vai nos procurar quando o movimento, que já é significat­ivo, ganhar mais corpo. Vai começar a faltar produto”, disse. No Rio Grande do Sul e em Mato Grosso, ainda há soja da safra sendo escoada por rodovias – por onde passam 56% da produção nacional. Com o aumento que entrou em vigor hoje, o preço médio do diesel nas refinarias subiu para R$ 2,3716.

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DOUGLAS MAGNO/O TEMPO
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FELIPE RAU/ESTADÃO
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EVERALDO SILVA/FUTURA PRESS Protesto. Bloqueios na BR-262 em Minas (acima), na Marginal do Pinheiros, em São Paulo, e na Régis Bittencour­t

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