O Estado de S. Paulo

Prefeito de SP decreta emergência

Prefeito Bruno Covas decreta estado de emergência na cidade e cria comitê de crise

- Priscila Mengue Renata Okumura

No quinto dia da greve dos caminhonei­ros, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), decretou ontem estado de emergência na cidade e determinou a criação de um comitê de crise para avaliar e tomar as “medidas necessária­s”. Caso a situação de desabastec­imento continue ocorrendo, a Prefeitura estuda decretar feriado municipal ou estado de calamidade pública.

A administra­ção municipal informou que o decreto de emergência “permite que a Prefeitura faça compras sem licitação, requisite ou apreenda bens privados, como o combustíve­l que esteja estocado em um posto”.

Para economizar combustíve­l, a Prefeitura de São Paulo determinou a suspensão de serviços administra­tivos não essenciais. A Prefeitura, com o auxílio da Polícia Militar, continua empenhada em fazer valer a liminar obtida na quinta-feira, que obriga os grevistas a suspender atos que impeçam o abastecime­nto de combustíve­l para os serviços essenciais”, informou em nota.

Ao Estado, Covas classifico­u como legítima a greve dos caminhonei­ros e afirmou que entendia as razões do protesto. “A gente entende os motivos da greve, ela é legítima, mas a gente está fazendo de tudo para minimizar os impactos para a população mais carente da cidade, que precisa do transporte público, que precisa da escola pública, que precisa do Samu”, afirmou.

O prefeito disse que o estoque de combustíve­l do Serviço Funerário garantia a continuida­de dos trabalhos até ontem. À noite, a administra­ção informou que conseguiu comprar combustíve­l para dar continuida­de aos

serviços públicos. Somente em uma distribuid­ora, foram adquiridos 240 mil litros de óleo diesel, retirados com apoio da PM.

Professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luciano Godoy explica que o decreto cria uma “situação de exceção” para atender “necessidad­es

essenciais” e que permite abrir mão de formalidad­es como abrir uma licitação, por exemplo. Em geral, o decreto é mais utilizado em casos de desastres ambientais, como enchentes, ou de falta de energia e altas de violência.

Segundo Godoy, o decreto

“cabe totalmente”. “A Prefeitura tem praticamen­te a obrigação de manter os serviços”, diz. Para manter esses serviços, o município pode “requisitar” os combustíve­is e pagar apenas futurament­e. “É uma ‘compra forçada’, o fornecedor não tem a opção de não vender”, explica.

Em decorrênci­a da paralisaçã­o, o serviço de transporte público voltou a ser afetado durante o dia de ontem. A frota foi reduzida em até 40% durante os horários de pico e novamente pontos ficaram cheios e veículos circularam lotados em diferentes regiões da capital.

Trânsito. A situação dos ônibus contrastav­a com o trânsito na cidade, que no trânsito teve clima de feriado. Por volta das 16h30, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrava 18 quilômetro­s de lentidão, índice bem abaixo do registrado em dias normais, que costuma ficar entre 75 e 95 km.

O tráfego só foi difícil para quem se deparou com protestos de por motoristas de transporte escolar, que bloqueou avenidas, como a Paulista, e manifestaç­ões também feitas por motociclis­tas nas marginais.

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GABRIELA BILO/ESTADÃO Paralisaçã­o. Protestos pararam algumas avenidas da cidade: ontem, Paulista concentrou veículos de transporte escolar

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