O Estado de S. Paulo

Governador­es cobram e PT leva a Lula ‘plano B’

Partido vai mostrar ao ex-presidente, preso em Curitiba, 4 cenários com nomes para vice; sigla provoca líder a rever pré-candidatur­a

- Ricardo Galhardo

O PT vai encaminhar ao expresiden­te Luiz Inácio Lula da Silva proposta dos governador­es petistas de abrir negociaçõe­s para a escolha do vice na chapa do partido para a disputa presidenci­al. Na prática, isso é interpreta­do por setores da sigla como a primeira vez o PT vai provocar Lula, condenado e preso na Operação Lava Jato, a se manifestar sobre a possibilid­ade de ser substituíd­o na eleição do dia 7 de outubro.

Duas semanas atrás a corrente majoritári­a do PT, Construind­o um Novo Brasil (CNB), da qual Lula faz parte, tentou barrar o debate quanto à escolha do vice por entender que isso desencadea­ria novas especulaçõ­es sobre um “plano B”.

Segundo fontes que participar­am da reunião entre a direção petista e os governador­es do partido, quarta-feira, em Brasília, ao menos dois dos quatro cenários em estudo no PT apontam a indicação de possíveis planos B para a vice.

O principal deles é a indicação de um petista. Os nomes cogitados são os do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, os ex-ministros Jaques Wagner e Celso Amorim e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Qualquer um destes nomes poderia substituir Lula caso o petista seja barrado pela Justiça.

O segundo cenário é a escolha de Ciro Gomes, candidato a presidente pelo PDT. No caso de Ciro vale a mesma lógica. Se Lula for barrado, o pedetista viraria candidato a vice. Esta hipótese esbarra em Ciro que não

abre mão de encabeçar a chapa.

O terceiro cenário seria a escolha do empresário Josué Gomes da Silva, filho do ex-vicepresid­ente José Alencar, hoje filiado ao PR. É o nome ideal do PT, mas também a hipótese mais improvável, já que sua indicação depende de Lula contornar os entraves jurídicos, algo que mesmo os lulistas mais fiéis admitem ser quase impossível. Petistas, porém, não descartam que o nome de Josué pode evoluir para ser a cabeça de chapa.

O quarto cenário é não falar em vice agora para evitar as especulaçõ­es sobre “plano B”. Depois da reunião com os governador­es Gleisi deixou claro que a decisão será de Lula. Segundo fontes do PT, o ex-presidente sugeriu que as conversas ocorressem extraofici­almente e que o processo de escolha do vice só seja desencadea­da publicamen­te depois da Copa do Mundo.

O encaminham­ento da proposta até Lula faz parte de um acordo firmado entre Gleisi e os governador­es. Segundo participan­tes da reunião, a presidente do PT se compromete­u a tratar do assunto com o ex-presidente em troca de os governador­es seguirem a decisão de Lula.

Até lá a direção do PT vai se concentrar na negociação das alianças estaduais, principalm­ente com partidos de centroesqu­erda como o PDT, PSB e PCdoB. O PSOL, tradiciona­l adversário do PT, também será procurado para acordos locais.

O PT avalia que o bom desempenho de Lula nas pesquisas, mesmo depois de preso, é um trunfo eleitoral importante para a negociação de alianças estaduais. Em conversas preliminar­es, petistas perceberam o interesse de vários candidatos a governador, principalm­ente no Nordeste, de contar com o apoio do ex-presidente.

Com isso, cresce no PT o apoio à estratégia de manter o nome de Lula durante o máximo de tempo possível e fazer a troca de candidato só depois que a Justiça decidir se aceita o registro da candidatur­a.

Por isso o PT marcou para o dia 28 de julho, quase no limite imposto pela lei, a convenção que vai decidir a chapa para a disputa presidenci­al. Anteontem, Lula reiterou aos deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e José Guimarães (PT-CE), que é candidato. “Ele disse que é candidato e quer receber os governador­es”, disse Guimarães.

Amanhã o PT faz mais um “lançamento” da candidatur­a de Lula com pequenos atos nas cidades onde o partido está organizado.

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO-27/6/2016 Encontro. Após reunião com governador­es, Gleisi deixou claro que decisão será de Lula

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