O Estado de S. Paulo

Novo ministro já pediu renúncia de Temer.

Novo titular da Secretaria-Geral também votou contra a reforma da Previdênci­a

- Igor Gadelha / BRASÍLIA

Empossado ontem, o novo ministro da Secretaria-Geral da Presidênci­a, Ronaldo Fonseca, já pediu publicamen­te a renúncia do presidente Michel Temer do cargo. Deputado licenciado, ele atuou na Câmara a favor do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (MDB-RJ), defendeu a prisão de um general do Exército, declarou voto para presidente no senador Alvaro Dias (Podemos-PR), que faz oposição a Temer, e foi contra a reforma da Previdênci­a.

“Se Temer não renunciar, a economia vira pó”, escreveu Fonseca em sua conta oficial no Twitter em 18 de maio de 2017, um dia após a divulgação da delação do Grupo J&F. “Presidente Temer, neste momento o Brasil merece um ato de coragem de vossa excelência, a renúncia”, publicou no dia seguinte.

O novo ministro manteve o pedido após divulgação do áudio da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista no Palácio do Jaburu. “O áudio de Temer não confirma todo o divulgado, mas conspira contra a ética de um presidente da República”, tuitou no dia 19.

Apesar das críticas, Fonseca votou na Câmara a favor do presidente nas duas denúncias oferecidas pela Procurador­ia-Geral da República. “Acatar a denúncia contra Temer é dar a ele o foro privilegia­do. Suspender a denúncia é dar a ele o julgamento pelo juiz Moro”, tuitou em 25 de outubro, dia da votação da segunda denúncia.

Ao citar argumento do governo em defesa de mudanças nas regras previdenci­árias, escreveu no Twitter que “é bem questionáv­el essa informação de déficit na Previdênci­a”.

Fonseca também pediu a prisão do então general Antonio Mourão quando ele sugeriu uma intervençã­o militar caso o Judiciário não resolvesse o “problema político”. Mourão já passou para a reserva. “General na ativa que ameaça quebrar a ordem democrátic­a não tem que ser criticado pelo comando do Exército, tem de ser preso”, postou em 18 de setembro.

Até assumir o ministério, Fonseca era filiado ao Podemos e tinha declarado voto no presidenci­ável do partido, senador Alvaro Dias. Ele, porém, foi desfiliado da legenda após anunciar que viraria ministro.

Evangélico­s. A escolha do deputado foi um aceno de Temer aos evangélico­s, um dos principais alvos do ex-ministro Henrique Meirelles, pré-candidato à Presidênci­a pelo MDB. O novo ministro é coordenado­r da bancada da Assembleia de Deus na Câmara dos Deputados.

Ao nomear Fonseca, Temer também enfraquece Dias, já que o novo ministro era um dos principais articulado­res da précampanh­a do senador.

Ontem, na posse, Temer disse que Fonseca tem “vocação para o diálogo e para a conciliaçã­o”. Afirmou ainda que, na Câmara, angariou “respeito do Congresso e do povo”.

Questionad­o ontem, Fonseca declarou que “ingressa no governo por ter ótimo trânsito com os políticos, aspecto importante para a coordenaçã­o do maior programa do governo federal, o Avançar”.

O novo ministro assumiu a Secretaria-Geral no lugar de Moreira Franco, que foi para o Ministério de Minas e Energia.

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MARCOS CORRÊA/PR 2018. Ronaldo Fonseca tomou posse ontem no ministério
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2017. Em manifestaç­ões no Twitter, em maio do ano passado, novo ministro defendeu a renúncia de Temer

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