O Estado de S. Paulo

França usa crise para se tornar conhecido

Candidato à reeleição, governador do PSB se esforça para assumir um papel de destaque nas negociaçõe­s com caminhonei­ros do Estado

- Luiz Raatz

Candidato à reeleição, o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), tenta assumir o protagonis­mo das negociaçõe­s com os caminhonei­ros do Estado em um aparente esforço para se tornar mais conhecido do eleitor na disputa pelo Palácio dos Bandeirant­es. Nos últimos três dias, o governador se reuniu pelo menos três vezes com representa­ntes do movimento. No sábado, recebeu emissários da categoria e chegou a acertar um acordo que antecedeu a proposta feita, no fim da noite de domingo, pelo presidente Michel Temer.

Apoiado pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), de quem era vice até abril, França disputa o eleitorado tucano com o ex-prefeito da capital João Doria (PSDB), também pré-candidato ao governo. Segundo o mais recente levantamen­to do Ibope, divulgado ontem, Doria lidera a corrida com 22% das intenções de voto e França é o quarto colocado, com 3% (mais informaçõe­s nesta página).

Em paralelo às negociaçõe­s, o governador usou suas redes sociais para divulgar a tentativa de liderar a resposta à crise. Com o slogan “São Paulo não é conduzido, conduz”, referência ao lema em latim do brasão municipal, o governador destacou em sua conta no Twitter notícias favoráveis ao seu papel nas negociaçõe­s e elogios de internauta­s, além de divulgar pronunciam­entos sobre a greve.

No Facebook, França aderiu à hashtag somostodos­caminhonei­ros, em defesa do movimento. Ele se disse favorável a uma solução por meio do diálogo. “Tenho insistido que a solução também passa por uma reformulaç­ão da política de preços dos combustíve­is no Brasil. A Petrobrás precisa ter lucro e equilíbrio financeiro, mas não dá para uma empresa brasileira, que também pertence aos brasileiro­s, querer pensar em dólar, como se fosse uma empresa exclusivam­ente privada.”

Reuniões. No sábado, França se reuniu com líderes dos caminhonei­ros autônomos parados em São Paulo. Na véspera, o movimento havia decidido prosseguir a paralisaçã­o e o governo federal acionou o Exército e outras forças federais para tentar desmobiliz­á-los. No encontro, o governador prometeu isentar a categoria da cobrança de pedágio por eixo suspenso em todas as praças estaduais se os caminhonei­ros liberarem totalmente as rodovias paulistas.

No dia seguinte, voltou a se reunir com representa­ntes da categoria que faziam piquetes diante de refinarias da Grande São Paulo. Ele também recebeu o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, para coordenar as respostas à crise enquanto o governo estudava em Brasília novas medidas para debelar a greve.

Ontem pela manhã, França disse que restavam 33 manifestaç­ões em rodovias paulistas, mas, na maioria delas, os caminhonei­ros liberaram a pista e se concentrav­am nos acostament­os. “Há um acordo desde sábado e os caminhonei­ros estão em acostament­o, canteiros, gramados, postos, sem obstruir as pistas. Os caminhonei­ros estão cumprindo aquilo que combinaram com a gente”, afirmou.

À noite, o governador se reuniu novamente com os manifestan­tes e se compromete­u a continuar intermedia­ndo as negociaçõe­s com o governo federal.

Na contramão de França, Doria tem evitado se posicionar sobre a paralisaçã­o. Em Araraquara, disse que os governos estadual e federal precisam melhorar o diálogo com os caminhonei­ros e com o setor empresaria­l para não serem pegos de surpresa. “O ideal é que tivesse havido uma administra­ção preventiva e não agora em cima do problema”, disse Doria.

Nome do MDB na disputa estadual, Paulo Skaf assinou nota, como presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na qual mostrou preocupaçã­o com a greve. “A greve está gerando prejuízos importante­s para a indústria e para a sociedade como um todo.”

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CIETE SILVÉRIO/GOVSP - 27/5/2018 Plantão. O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), fala durante entrevista coletiva sobre a paralisaçã­o dos caminhonei­ros concedida no domingo

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