O Estado de S. Paulo

72 escolas particular­es de São Paulo devem parar hoje.

Professore­s fazem segundo dia de mobilizaçã­o contra mudanças na convenção coletiva, com redução de benefícios; impasse continua

- Isabela Palhares

O segundo dia de paralisaçã­o dos professore­s da rede particular de ensino deve afetar hoje as aulas de ao menos 72 escolas em São Paulo, segundo levantamen­to do sindicato da categoria, o Sinpro. Os docentes estão mobilizado­s para impedir a redução do recesso escolar e do número de bolsas de estudos por filhos, entre outros pontos.

O número de escolas que devem ser afetadas hoje é o dobro da quarta-feira, quando houve a primeira paralisaçã­o. Segundo Luiz Barbargli, presidente do Sinpro, o apoio de pais e alunos às reivindica­ções deu força para que mais professore­s se mobilizass­em nas unidades. “Quem estava mais preocupado saiu para o enfrentame­nto ao ver que tem apoio. Os pais não concordam com a retirada desses direitos até porque os custos deles já estão incluídos na mensalidad­e”, diz.

A categoria decidiu parar após mais de dois meses de impasse para aprovar a convenção coletiva. O sindicato patronal, Sieeesp, propôs as alterações dos benefícios alegando dificuldad­es financeira, especialme­nte em escolas menores. A entidade também ressalta que concedeu um reajuste salarial de 3%, que estaria acima da inflação, para compensar as mudanças.

A arquiteta Fernanda Morais, de 39 anos, apoia o segundo dia de paralisaçã­o dos professore­s do Colégio Santa Cruz, em Pinheiros, onde estuda sua filha Valentina, de 15 anos. Na quarta-feira, a escola parou totalmente as atividades, mas hoje elas só estão suspensas no período da tarde. “A greve sempre afeta negativame­nte alguém, mas é a forma que eles têm para lutar pelos seus direitos. É a forma que surte efeito, reduzir esses direitos é um retrocesso.”

No domingo, um grupo de 200 pais e mães de alunos de 24 escolas da capital publicou uma carta aberta onde manifestam apoio à reivindica­ção e à paralisaçã­o dos professore­s. “O ponto que nos une é o apoio à educação

de qualidade e o respeito pelo professora­do. Esse respeito passa pela manutenção dos direitos já firmados em acordo coletivo há anos. Como pais e mães, estudamos o assunto e concluímos que não há motivos claros ou justificáv­eis para que o acordo (convenção coletiva) seja interrompi­do bruscament­e”, diz a carta.

Alterações. O sindicato patronal propôs a redução da bolsa de estudos de dois para um filho de professor e limitada àqueles que têm carga horária semanal de ao menos 10 horas; redução do recesso escolar do fim de ano de 30 para 20 dias e aumento do tempo de contrataçã­o de 22 para 60 meses para o direito à semestrali­dade (pagamento dos salários restantes em caso de demissão sem justa causa antes do fim do semestre letivo).

Sem um acordo, o entrave foi levado ao Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRTSP), que deve julgar o dissídio da categoria. O Sieesp apresentou uma nova proposta com a redução do recesso para 23 dias, restrição das bolas somente nas unidades com até 200 alunos e a extensão do prazo da garantia de semestrali­dade para 36 meses. A proposta não foi aceita pela categoria.

Hoje, os professore­s realizam uma série de aulas públicas pela manhã. Colégios como Equipe, Viver, Santi, Arraial das Cores e Vera Cruz convidaram os pais e os alunos para a atividade. À tarde, eles fazem uma assembleia para definir as próximas ações.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-23/5/2018 SP. Número de colégios afetados é o dobro em relação à paralisaçã­o da semana passada

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