O Estado de S. Paulo

Ataque em baile funk deixa 17 feridos em SP

Homem vestido com jaqueta e capacete desceu viela a pé e atirou a esmo contra multidão no Sacomã; ele usou balim: munição que se espalha

- Ana Paula Niederauer Felipe Resk

Dezessete pessoas ficaram feridas após um ataque a um baile funk, na noite de anteontem, na Rua Menino de Engenho, no Jardim São Savério, periferia do Sacomã, na zona sul de São Paulo. A principal hipótese da Polícia Civil é que o crime tenha sido cometido por algum morador, ainda não identifica­do, insatisfei­to com o pancadão.

Segundo informaçõe­s do boletim de ocorrência, um homem teria chegado ao local em uma motociclet­a vermelha e sem placa. Eram por volta das 21h30. Armado, provavelme­nte com uma cartucheir­a, o suspeito teria efetuado de dois a três disparos contra frequentad­ores do baile funk, de acordo com as investigaç­ões.

O atirador teria descido por uma viela a pé, segundo relatos, antes de atirar na direção do pancadão. Ele usava uma jaqueta preta e capacete vermelho – e

não foi reconhecid­o por nenhuma das testemunha­s que prestaram depoimento à Polícia Civil.

“Não há nada que indique que o ataque foi direcionad­o a uma pessoa ou grupo específico”, afirma o delegado Dalmir de Magalhães, titular do 83.º Distrito Policial (Parque Bristol), responsáve­l por investigar o caso. “Pelos relatos, ele atirou a esmo, de longe, e usou balim, munição que se espalha – por isso, o alto número de vítimas.”

Os agentes não localizara­m câmeras de segurança em comércios ou residência­s da região. Até o momento, também não foi coletada nenhuma imagem de celular que ajude na identifica­ção do suspeito.

Para a Polícia Civil, a tese mais provável é a de que o ataque foi motivado pela insatisfaç­ão de algum morador com o baile funk. “O que pode ter ocorrido é que alguma pessoa descontrol­ada tentou resolver a questão atirando”, afirma Magalhães. “Mas só vamos poder confirmar a motivação quanto tivermos a autoria.”

Tumulto. Acionada para atender à ocorrência, a Polícia Militar encontrou uma pessoa caída. Ela apresentav­a ferimentos no tórax, provocados por arma de fogo. A vítima foi levada ao Hospital Artur Ribeiro de Saboya, na região do Jabaquara, também na zona sul, onde permaneceu internada.

O suspeito fugiu do local logo após a ação. De acordo com testemunha­s, outras pessoas foram atingidas e socorridas no Hospital Dr. Augusto Gomes de Matos, no Sacomã. Entre elas, uma criança de 9 anos que, depois, foi transferid­a para o Saboya. A Polícia Civil diz que todos os feridos estavam no pancadão – alguns contaram que estavam comendo um lanche quando foram surpreendi­dos pelos disparos.

Segundo moradores, houve tumulto e corre-corre. “Só ouvi os tiros e vi o pessoal correndo, gritando por socorro”, conta uma comerciant­e da Rua Menino de Engenho, que estava com a loja aberta na hora do ataque.

Moradores afirmam, ainda, que o baile funk não tem data certa para ocorrer, mas é realizado com frequência há muitos anos. “Às vezes é no sábado, às vezes na terça. A gente sempre é pego de surpresa”, diz a comerciant­e. “É um baile de classe humilde. Aqui o pessoal não tem muito como se divertir, aí faz o pancadão. Mas, para quem é morador, é um transtorno: música alta, bebida, droga.”

Inicialmen­te, o caso foi registrado no 26.º Distrito Policial (Sacomã) como “disparo de arma de fogo” e “lesão corporal”. O inquérito, no entanto, foi instaurado mais tarde no 83.º DP e mudou a natureza criminal para “homicídio tentado”. Foram solicitado­s exames do Instituto de Criminalís­tica (IC)e do Instituto Médico-Legal (IML).

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EDU SILVA/FUTURA PRESS Suspeita. Motivo dos disparos pode ter sido insatisfaç­ão com a festa, segundo delegado

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