Início da retomada pode se reverter
OBrasil está há nove dias praticamente parado. Os caminhoneiros, ao paralisarem o transporte e bloquearem estradas, estão causando transtornos ao processo produtivo de forma generalizada. Há perdas na agropecuária, na indústria, nos serviços. Com isso, o PIB brasileiro terá seu valor de maio substancialmente reduzido, com diversos reflexos sobre o valor de junho e os demais meses de 2018.
Para um desempenho já bastante prejudicado vis-à-vis o que se previa para este ano, essa não é uma boa expectativa. O Monitor do PIB-FGV, que busca antecipar a direção do PIB, estima para o primeiro trimestre um crescimento abaixo das expectativas do mercado: prevê um incremento de 0,3% nos três primeiros meses de 2018, comparado com o quarto trimestre de 2017, e apenas 0,9% comparado com igual trimestre de 2017.
Uma tentativa de se estimar a perda apenas no período de 10 dias de greve, tendo por hipótese que metade da economia teria ficado parada, mostra que o prejuízo seria de cerca de R$ 100 bilhões a menos no PIB deste ano. Mas outras perdas também aparecem, principalmente com relação aos preços, com elevações generalizadas dos alimentos. Com a atividade atingida negativamente, o emprego também não terá bom desempenho.
Em economia, a mudança de expectativas pode ser fatal, e o início da retomada de crescimento, que tem sido anunciada, pode se reverter. Não se pode ainda descartar o efeito multiplicador de ações grevistas em outras atividades essenciais, como começa a aparecer entre petroleiros.