O Estado de S. Paulo

Investimen­to em transporte por trilhos é a solução definitiva e inadiável para o caos da mobilidade e de escoamento da produção brasileira

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É preciso, além de interligar as regiões, incrementa­r os modelos de atuação dos transporte­s de pessoas, produtos e cargas por todo o território nacional.

muitos anos que se fala da inadiável importânci­a de investimen­to na recuperaçã­o e ampliação da malha ferroviári­a do país. Mas os gargalos de nosso desenvolvi­mento só passam a ser discutidos com ênfase e prioridade quando os problemas estouram e passam a atingir frontalmen­te a população.

Em termos urbanos, como exemplo, o metrô de São Paulo transporta em média mais de quatro milhões de passageiro­s por dia em seus mais de 80 km de extensão. A linha férrea de São Paulo é a maior do Brasil e a mais extensa da América do Sul. O número é grandioso, mas ainda deficitári­o se levarmos em conta o caos da mobilidade paulistana e se compararmo­s a países europeus, por exemplo.

O que acontece é que a cidade de São Paulo, assim como outros centros urbanos brasileiro­s, cresceu de forma desordenad­a. Além disso, por falta de políticas urbanas adequadas e de longo prazo, passamos a ver altos valores nos imóveis das áreas centrais, que fizeram com que as pessoas fossem habitar regiões mais periférica­s e distantes, onde não é fácil encontrar opções de trabalho e lazer. Como consequênc­ia deste espraiamen­to populacion­al temos a dificuldad­e de locomoção diária. A malha ferroviári­a, com os atuais números apresentad­os, não consegue atingir de forma ampla todas as regiões da cidade e não se integra as outras opções de transporte público. Esse cenário culmina no aumento de veículos individuai­s que rodam diariament­e nas ruas, acarretand­o em altos indicies de poluição e estresse. Fatores que reduzem a qualidade de vida e que encarecere­m o dia a dia. Por esses motivos, é possível afirmar que existe a necessidad­e premente de investimen­to neste tema, pois estamos perto de um colapso assim como vimos na semana passada com os incidentes do aumento do preço dos combustíve­is.

Para facilitar esse transporte entre as áreas mais afastadas de que o transporte de massa sobre trilhos pode transporta­r em média 80 mil pessoas por hora – em uma comparação rápida, os ônibus têm, em média, a capacidade de transporta­r seis mil passageiro­s no mesmo período. É preciso, além de interligar as regiões, incrementa­r os modelos de atuação dos transporte­s de pessoas, produtos e cargas por todo o território nacional.

Outra medida que pode ser adotada com o objetivo de facilitar a locomoção dentro das cidades é ocupar, de maneira inteligent­e, as áreas urbanas que estão subutiliza­das e abandonada­s. Uma saída são os projetos de verticaliz­ação, pois reduzem os grandes deslocamen­tos das pessoas no dia a dia. Esse planejamen­to visa a construção de edifícios em locais mais próximos aos comérHá cios e locais de trabalho.

Um exemplo recente de projeto que auxiliou a melhoria do transporte urbano, mesmo que de forma tímida, foi a primeira etapa do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos), implementa­da na cidade do Rio de Janeiro, em junho de 2016, ela se integra aos meios de transporte do Centro e da Região Portuária. A cidade também expandiu a linha de metrô e implantou algumas linhas de BRT, do inglês “Bus Rapid Transit”, ou Transporte Rápido por Ônibus. Esse aceno ao avanço precisa continuar recebendo incentivos e atenção da sociedade de forma ampla. Existe uma necessidad­e de que esse sistema integrado de transporte seja efetivamen­te absorvido pela população e que receba investimen­tos de continuida­de e expansão.

O Brasil deve se inspirar em exemplos internacio­nais, aliando tecnologia e infraestru­tura para população para que esses investimen­tos não fiquem restritos a algumas cidades ou regiões. Só uma política urbana articulada e eficiente, com parcerias público-privada, pode garantir isso. O sucesso das cidades está na integração de um planejamen­to de mobilidade sobre trilhos, que vise o melhor aproveitam­ento dos espaços e que garantam ampla mobilidade da população. *Rodrigo Luna é presidente da FIABCI-BRASIL

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Rodrigo Luna* e a região central é preciso que se pense em mudanças para os modelos de habitação e deslocamen­to. Um planejamen­to urbano eficiente não pode ignorar o fato

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