O Estado de S. Paulo

Rosto do governo, Marun é porta-voz de temas difíceis

Ministro da Secretaria de Governo fez carreira rapidament­e em Brasília e dispensou disputa por cargo eletivo este ano

- BRASÍLIA / LU AIKO OTTA e TÂNIA MONTEIRO

A população que assistiu atônita ao cresciment­o da paralisaçã­o dos caminhonei­ros e passou o fim de semana vendo os reflexos dela na televisão foi apresentad­a à figura do ministro Carlos Marun. Grandalhão, de fala contundent­e, ele apareceu em horário nobre exercendo sua especialid­ade: trombar de frente com os problemas do governo, razão pela qual é conhecido como “pitbull” do presidente Michel Temer.

Desde que chegou ao Palácio do Planalto, em dezembro passado, Marun tem atuado como porta-voz para temas difíceis. Por exemplo: em março, ameaçou apresentar pedido de impeachmen­t do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, alegando atuação político-partidária do magistrado. Barroso revogou um decreto de indulto natalino assinado por Temer. E autorizou a operação da Polícia Federal que levou à prisão pessoas muito próximas do presidente.

Com a chegada de Marun, o presidente dispensou até o porta-voz oficial do Planalto, o embaixador Alexandre Parola, transferid­o para o comando da EBC. Na crise dos caminhonei­ros, Marun apareceu em todas as entrevista­s. Não raro, atropelou colegas para dar sua versão. E, às vezes, mais confundiu do que explicou.

No domingo, passava das 22h quando ele deu entrevista, após pronunciam­ento de Temer. Marun informou que o pacote de concessões feitas aos caminhonei­ros teria impacto de R$ 10 bilhões aos cofres públicos, quando a conta é de R$ 13,5 bilhões.

Perto da meia-noite de sábado, após reunião no Palácio dos Bandeirant­es para tratar do fim da cobrança de pedágio por eixo suspenso dos caminhões, ele deixou pouco espaço para o anfitrião, o governador de São Paulo, Márcio França.

Com as ações da Petrobrás afetadas pela suspeita de intervençã­o do governo na política de preços, Marun colocou lenha na fogueira ao negar que haveria reajuste na gasolina. “O reajuste que existia, não existe mais.” Sua assessoria correu para esclarecer que ele buscava desmentir uma notícia falsa. Ele ainda afirmou que a questão do preço da gasolina “está no radar” do governo.

Marun fez carreira rápida na política em Brasília. Chegou ao Congresso em 2015 e logo passou a integrar a “tropa de choque” do então presidente da Casa, Eduardo Cunha (MDB-RJ). Mesmo com a impopulari­dade do governo, optou por permanecer na equipe de Temer. Não saiu nem para concorrer a cargo

eletivo.

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WILSON DIAS/AGENCIA BRASIL–25/5/2018 Carreira. Marun chegou ao Congresso em 2015

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