O Estado de S. Paulo

Preço mínimo para frete é ruim, avalia Cade.

- Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

O superinten­dente-geral do Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Cordeiro, disse que, do ponto de vista da concorrênc­ia, o tabelament­o de preços mínimos para o frete é ruim e anticompet­itivo. Em entrevista ao ‘Estadão/Broadcast’, ele ressaltou que, no entanto, o governo pode decidir regular o mercado e intervir, o que afastaria a competênci­a do Cade em julgar se o tabelament­o de preços fere a concorrênc­ia.

“O Cade defende que os preços devem ser livres, o mercado que tem que determinar. Sob o ponto de vista da concorrênc­ia, tabela é ruim porque não tem mais competição por preço. Mas pode ser uma opção política do Estado regular dessa forma, e aí não cabe ao Cade dizer se é boa ou ruim”, afirmou o superinten­dente.

Ontem, o governo publicou no Diário Oficial medida provisória instituind­o a Política de Preços Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargo, que prevê que a Agência Nacional de Transporte­s Terrestres (ANTT) publicará tabela com preços mínimos para o frete.

De acordo com Cordeiro, a jurisprudê­ncia do Cade permite a utilização de tabelas de preços de referência, em que empresas podem cobrar mais ou menos pelo produto. Mas proíbe a adoção de tabelas de preços obrigatóri­as, com valores impostos ao mercado, por entender ser prejudicia­l à competição. O Cade já condenou a adoção de tabelas de preços mínimos impostas por associaçõe­s médicas a planos de saúde e de preços mínimos utilizados por corretores de imóveis. Investigaç­ão. Depois de abrir na última sexta-feira investigaç­ão contra associaçõe­s de caminhonei­ros e de transporte­s de carga, Cordeiro disse que começará a chamar presidente­s e diretores das entidades para prestar depoimento sobre a suspeita de envolvimen­to das empresas na greve para obter vantagens.

Hoje, às 15h, o conselho fará uma sessão extraordin­ária para discutir o tema.

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