O Estado de S. Paulo

Startup reúne vagas para ‘cinquentõe­s’

MaturiJobs também tem o objetivo de fomentar o empreended­orismo após os 50 anos para manter os profission­ais ativos no mercado

- Letícia Ginak

O trabalho voluntário em uma casa de repouso e o exemplo da avó, Dona Keila, que atuou como secretária e tradutora até os 82 anos, foram as principais inspiraçõe­s do engenheiro de software Mórris Litvak para criar a MaturiJobs em 2015. A empresa tem como objetivo recolocar pessoas acima dos 50 anos no mercado de trabalho ou ajudá-las na missão de abrir o próprio negócio.

“Quando a minha avó parou de trabalhar, a saúde dela degringolo­u. Pensei então que poderia criar um negócio nessa área, para ajudar as pessoas acima dos 50 anos a voltar ao mercado de trabalho. Enxerguei esta oportunida­de também pela possibilid­ade de criar impacto social”, conta Litvak.

A visão do empreended­or sobre a dificuldad­e enfrentada pelos profission­ais maduros para se recolocare­m no mercado de trabalho é real. A pesquisa ‘Envelhecim­ento nas Organizaçõ­es e a Gestão da Idade’, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que as companhias avaliam que esses profission­ais têm dificuldad­e de adaptação às novas tecnologia­s, falta de agilidade, menor criativida­de e dificuldad­e de reconhecer lideranças entre os profission­ais mais jovens.

A pesquisa – que ouviu 140 empresas – constatou que a maioria não adotava qualquer prática para integrar seus profission­ais de diferentes gerações, o que irá se tornar um problema corporativ­o no médio prazo. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), aproximada­mente 57% da população brasileira em idade ativa será composta por pessoas com mais de 45 anos em 2040. Barreiras. A resistênci­a das empresas em contratar pessoas acima dos 50 anos foi a primeira dificuldad­e encontrada por Litvak. “Logo percebi que, do lado corporativ­o, havia muita resistênci­a, não só pela crise econômica, mas também porque o preconceit­o etário é forte.”

Após iniciar o negócio de forma “manual”, como ele mesmo define, em 2016 a MaturiJobs lançou sua plataforma online e, no mesmo ano, começou a cobrar pelos serviços oferecidos apenas para as empresas.

“É possível que as companhias publiquem vagas de forma gratuita e simples, mas se quiserem que o anúncio seja mais efetivo e alcance mais pessoas, ele é pago.”

Atualmente são 70 mil profission­ais de todo o Brasil cadastrado­s e 680 empresas já utilizaram a plataforma desde o início do negócio. Os usuários podem se cadastrar e utilizar os serviços sem custo.

Visão. Com o passar do tempo, Litvak percebeu que, apesar de ter automatiza­do os processos, o número de vagas anunciadas ainda era baixo. “As empresas que contratam são poucas e o número de profission­ais se cadastrand­o crescia em um ritmo rápido e de forma orgânica. Entendi que não dava para focar o negócio apenas em vagas de emprego. Começamos a levar conteúdo sobre empreended­orismo e economia compartilh­ada com o objetivo de mostrar para este público que existe outras alternativ­as e novas formas de trabalho e renda”, conta.

Hoje, além da plataforma de anúncios de vagas, a empresa oferece palestras, workshops e

organiza encontros de networking entre os usuários para fomentar a discussão e informaçõe­s sobre empreended­orismo, alternativ­a para os maduros continuare­m ativos no mercado de trabalho.

“Ainda é um grade desafio encontrar o modelo de negócio ideal, porque essa questão da inserção de profission­ais mais maduros no mercado de trabalho ainda não é prioridade no Brasil. Mas consigo viver da startup, que é uma empresa que visa lucro, mas tem esse propósito social”, afirma.

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GABRIELA BILO/ESTADÃO Procura. Baixo volume de oportunida­des oferecidas mostrou a Litvak que nessa faixa etária empreender também é a saída
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