Preso suspeito de elo com o caso Marielle
Suspeito detido anteontem seria responsável por levantar informações sobre vereadora e pela clonagem do veículo utilizado no assassinato
A prisão de Thiago Bruno Mendonça, de 33 anos, o Thiago Macaco, pode favorecer a investigação do assassinato de Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março. Macaco é apontado por uma testemunha ouvida na investigação como responsável por levantar informações sobre a vereadora e pela clonagem do carro usado no crime.
Thiago Macaco foi preso na tarde de anteontem, em uma loja no Shopping Nova América, em Del Castilho, zona norte. Ele é acusado da morte de Carlos Alexandre Pereira Maria, de 37 anos, o Alexandre Cabeça, que era colaborador do gabinete do vereador Marcelo Siciliano (PHS). Cabeça foi executado em 8 de abril, na zona oeste. A mesma testemunha que relacionou Macaco à morte de Marielle apontou Siciliano como mandante do crime. O parlamentar nega as acusações.
Segundo a testemunha, Macaco seria ligado ao ex-PM Orlando de Araújo, o Orlando de Curicica, que está preso em Bangu 1 e seria um líder miliciano da região de Jacarepaguá, na zona oeste. Os dois teriam participado do assassinato da vereadora, cuja atuação política estaria atrapalhando os negócios da milícia. Araújo nega as informações de envolvimento na execução da vereadora.
Além de levantar informações sobre o cotidiano da vereadora, Macaco, segundo a polícia, teria clonado o carro Cobalt prata usado pelos assassinos. O automóvel usava uma placa falsa que, na verdade, pertencia a um veículo de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A polícia não revelou se já conseguiu descobrir a placa verdadeira do carro usado no assassinato.
Se as informações da testemunha estiverem corretas, o depoimento de Macaco pode ajudar a solucionar o caso. Mais de dois meses após o crime, o secretário de Segurança, general Richard Nunes, destacou, em evento realizado anteontem para marcar os cem dias de intervenção federal no Rio, as dificuldades enfrentadas pela polícia para obter provas conclusivas na investigação.
Quando lhe perguntaram sobre se o esclarecimento do crime seria uma meta para os próximos cem dias da intervenção na segurança, Nunes respondeu que “investigar homicídios é uma meta permanente da nossa polícia”. “Então, logicamente, (o crime) continua sendo investigado com toda prioridade. Agora, como todos sabem, é um crime de alto grau de complexidade, com dificuldade de produzir provas. Mas tenho a convicção de que vamos chegar a bom êxito.”
Thiago Macaco não é o primeiro suspeito preso pelo assassinato de Alexandre Cabeça. A Delegacia de Homicídios da Capital prendeu Rondinele de Jesus da Silva, o Roni, no dia 19. Os policiais estão agora em busca de Ruy Ribeiro Bastos, de 38 anos, que seria um dos executores do homicídio. As investigações seguem ainda para confirmar a motivação e também apurar o envolvimento de uma quarta pessoa, que seria a mandante do crime.
Oficialmente, a Polícia Civil confirma apenas a prisão de Macaco pela acusação de participação no assassinato de Cabeça, não o seu suposto envolvimento no caso de Marielle.
Duplo assassinato. A vereadoradoPSOLe Gomes foram mortos a tiros na noite de 14 de março no Estácio, região central carioca. O carro onde estavam os assassinos emparelhou com o veículo que conduzia a vereadora. Foram feitos vários disparos – as duas vítimas tiveram morte instantânea –, e os bandidos fugiram. Uma assessora da parlamentar teve apenas ferimentos leves.
Uma reconstituição do crime teria detectado indícios de uso, no crime, de um tipo de submetralhadora restrito a forças policiais de elite. A polícia ainda tenta identificar a arma.