O Estado de S. Paulo

Lei que beneficia artesanais passou no Senado. E agora?

- Renata Mesquita WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Produtores e chefs comemorara­m na semana passada mais uma etapa vencida rumo à livre circulação dos produtos artesanais de origem animal no País. O Senado aprovou o projeto de lei que flexibiliz­a a inspeção da produção de queijos e embutidos artesanais, ao dar força federal aos selos emitidos pelos Estados. Com a lei, que agora depende da sanção do presidente, os produtos poderão ser comerciali­zados entre Estados sem o SIF, o selo do Serviço de Inspeção Federal, considerad­o entrave devido à demora e aos altos custos para ser obtido.

Mas nem tudo está resolvido. “A aprovação da lei é um passo pequeno, ainda vamos ter de brigar muito”, adverte o ambientali­sta e colunista do Paladar Roberto Smeraldi. Para ele o projeto é positivo, pois finalmente separa as coisas e cria uma possibilid­ade de estabelece­r critérios para o produto artesanal. Mas ainda deixa elementos de incerteza, principalm­ente em relação a sua regulament­ação. A lei indica a criação do selo Arte, que será um selo único válido em todo o território. A questão é que ele terá de ser regulament­ado pelo Ministério da Agricultur­a, embora o texto não especifiqu­e, o que pode demorar, já que não há prazos estabeleci­dos. O texto recebeu críticas de todos os lados, mesmo os produtores potencialm­ente beneficiad­os pela lei sentiram falta de terem sido consultado­s.

Se a lei for sancionada integralme­nte, os produtores com selo estadual poderão desde já vender seus produtos em todo o País, mas a falta de regulament­ação poderá criar problemas para a fiscalizaç­ão. “Apesar de todo esse barulho por conta da aprovação do projeto de lei, tenho medo que a realidade possa gerar frustração para os produtores”, diz Smeraldi. Para Luis Rangel, secretário de fiscalizaç­ão do Mapa, no início haverá “um apagão sanitário”.

Débora Pereira, colunista do

Paladar, confirma o receio de produtores em relação à regulament­ação, não só pelo tempo que possa demorar mas pelo que pode ser incluído nela. Para ela o problema continua “cada fiscal, seja federal ou estadual, interpreta as normas de forma diferente. A solução não é criar nova regulament­ação, é a auto regulação”, defende. Mas diz que o maior entrave será no Mapa, onde a lei já tem muitos inimigos que a consideram inconstitu­cional. Ou seja, há um longo caminho até os produtos poderem circular livremente.

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Quase lá. Lei flexibiliz­a mas ainda é cedo para comemorar

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