O Estado de S. Paulo

O prato já foi chique – aqui e pelo mundo

- Patrícia Ferraz

Estrogonof­e já foi chique. E não só no Brasil dos anos 1960 e 1970 quando era sofisticad­íssimo receber os convidados para jantar com o prato russo acompanhad­o de arroz e batata palha. Ele é nobre de berço. Nasceu na Rússia dos czares, no século 19, e no início era coisa de rico. Existem tantas versões para a história do stroganoff quanto “receitas originais”. Entre elas, a mais provável é que teria sido criado por um cozinheiro francês chamado Charles Briere, que trabalhava para uma família nobre e muito rica de São Petersburg­o, os Stroganoff.

Ambos existiram e, tirando a parte de que a carne teria sido cortada em tiras finas porque o conde Pavel Stroganoff era velho e tinha dentes ruins (o tal conde já tinha morrido quando o prato foi criado para um de seus descendent­es), o resto parece fazer sentido: o cozinheiro combinou o preparo clássico francês da carne – dourar e flambar a carne para colocar um molho de mostarda – com o clássico creme azedo russo. Essa seria a versão original.

Acontece que os imigrantes russos levaram a receita para os Estados Unidos e, quando o beef stroganoff virou estrela do Russian Tea Room, em Nova York, em 1930, já era feito com filé-mignon e acrescido de novidades: molho de tomates e cogumelos em lascas. No lugar da batata cozida à moda russa, a batata passou a ser cortada em palitos finos e frita.

O estrogonof­e também teve seu auge no Maxim’s, em Paris, e dizem que era o prato preferido de Charles Chaplin. O fato é que foi ganhando o mundo – mas só se tornou popular na Europa depois da Segunda Guerra. Conforme foi circulando, acabou recebendo novos ingredient­es, como o creme de leite em vez do creme azedo, e até combinaçõe­s nada ortodoxas, como o creme de cogumelos, milho, entre outras e até a combinação bizarra com macarrão. Aqui no Brasil, onde trocou a pompa pela popularida­de, o estrogonof­e está mais para picadinho com cogumelos e creme de leite.

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Gole a gole. Carla Peralva (à esq.), o médico Gustavo Andrade de Paulo, presidente da ABS, Guilherme Velloso e Patrícia Ferraz à mesa no Tatini durante a degustação.

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