O Estado de S. Paulo

Candidatos participam de marcha evangélica

Líder da Igreja Renascer cobra ‘valores cristãos’ do presidenci­ável, que faz discurso conciliado­r

- Pedro Venceslau Daniel Weterman

Odeputado Jair Bolsonaro (PSL) foi o único pré-candidato à Presidênci­a da República que discursou ontem na 26.ª Marcha para Jesus, em São Paulo, um dos mais importante­s eventos da comunidade evangélica do País. O empresário Flávio Rocha, presidenci­ável do PRB, subiu ao palco, mas não usou microfone.

Antes de chegar à Praça Heróis da Força Expedicion­ária Brasileira, na zona norte da capital paulista, Bolsonaro foi recebido discretame­nte por aliados no Aeroporto de Congonhas. Horas antes, o apóstolo Estevam Hernandes, líder da Igreja Renascer e organizado­r da Marcha, deu uma entrevista na qual criticou o discurso do pré-candidato.

“Alguns posicionam­entos dele podem fazer com que ele realmente ganhe a simpatia dos evangélico­s. Agora, existem outros que são antagônico­s com os valores cristãos, como força, talvez ódio, algumas coisas mais extremista­s”, afirmou. A mensagem correu rápido entre aliados de Bolsonaro. O deputado chegou ao evento no meio tarde, ao lado do senador Magno Malta (PR), que é cotado para ser seu vice na chapa, e do deputado Major Olímpio, presidente do PSL em São Paulo.

Para evitar a imprensa, Bolsonaro foi “escoltado” até um corredor vip instalado na lateral do palco que dava acesso ao camarim de Hernandes, onde permaneceu por mais de uma hora até ser chamado para usar a palavra.

Ao aparecer no palco, o deputado foi recebido com vaias e aplausos pelo público, que agitava bandeiras de Israel. Fez então uma fala rápida e conciliado­ra. “Nós também somos contra (ódio). Aqui é lugar de perdão, é de entendimen­to, de amor ao próximo, não é lugar para atacar ninguém. Eu vim aqui mais para ouvir que para falar”, disse Bolsonaro.

Na saída, o pré-candidato deparou-se com jornalista­s, que o questionar­am sobre o apoio que ele recebeu de caminhonei­ros grevistas que levantaram a bandeira da intervençã­o militar. “Nunca falei a palavra intervençã­o militar. Se um dia um militar chegar ao poder, será através do voto”, disse Bolsonaro.

O deputado destacou que tem uma “enorme” proximidad­e com a comunidade evangélica e afirmou que o senador Magno Malta, que é evangélico e estava ao seu lado, é o seu “vice dos sonhos”. “Já mandei cartinhas de amor para ele”, afirmou o pré-candidato.

O político mais saudado pelos religiosos, entretanto, foi o governador paulista, Márcio França (PSB), que concorre à reeleição. Ele se ajoelhou no palco para receber uma bênção dos pastores presentes, que oraram por ele e pelo Estado.

Em seguida, França fez um discurso emotivo, no qual abordou seu papel na negociação com os caminhonei­ros. “O Brasil precisa de paz, compreensã­o e, acima de tudo, muita fé. Não adianta colocar a polícia, vigiar, se Deus não estiver no controle”, afirmou.

Candidato do PSDB ao governo, o ex-prefeito João Doria foi ao evento pela manhã, com o prefeito Bruno Covas e de Flávio Rocha. O ex-governador e pré-candidato à Presidênci­a pelo PSDB, Geraldo Alckmin, não foi à Marcha.

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FOTOS GABRIELA BILO/ESTADÃO 1. 1. Bolsonaro discursa na Marcha para Jesus
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2. Flávio Rocha (esq.), Bruno Covas e João Doria participam do evento
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3. Márcio França recebe bênção de pastores evangélico­s 3.

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