Greve dos petroleiros esvaziada
Volta ao trabalho. Após o TST considerar greve ilegal e elevar multa diária a sindicatos para R$ 2 milhões, Federação Única dos Petroleiros (FUP) recomendou desmobilização; a FNP, entidade dissidente, ainda mantinha ontem alguns pontos de paralisação
A Federação Única dos Petroleiros recomendou a desmobilização. A dissidente Federação Nacional dos Petroleiros mantinha ontem alguns focos de greve.
A greve de 72 horas dos petroleiros da Petrobrás, iniciada à zero hora de quarta-feira, praticamente terminou ontem. Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) orientou sindicatos filiados a suspender a paralisação. Entidades ligadas à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que defendeu a continuidade do movimento, ainda resistiam a encerrar a greve. No início da tarde, a Petrobrás informou, em nota, que os empregados voltaram ao trabalho em 95% das unidades.
Ao recomendar a suspensão da greve, a FUP acusou o Tribunal Superior do Trabalho (TST) de “criminalizar” o movimento sindical. A corte considerou a greve ilegal e determinou a aplicação de multa em caso de descumprimento. Primeiro, foi determinada penalidade de R$ 500 mil por dia, posteriormente elevada para R$ 2 milhões.
Os sindicatos reunidos na FUP decidiram pela greve na semana passada quando começaram os protestos de caminhoneiros País afora. Na decisão inicial, a entidade sindical não determinou uma data para o início da paralisação. Com o crescimento do movimento dos caminhoneiros, a FUP se reuniu no sábado passado e decidiu convocar uma paralisação de advertência por 72 horas.
Na terça-feira, véspera do início da greve, o TST considerou a paralisação ilegal pela sua “natureza política e ideológica”. Mesmo assim, parte dos empregados da Petrobrás cruzou os braços. Das 52 plataformas da Petrobrás, 25 aderiram à greve e houve mobilização em 10 das 15 refinarias. Na quarta-feira, trocas de turnos foram atrasadas e equipes de contingência assumiram as atividades dos grevistas. O abastecimento não chegou a ser comprometido.
Exigências. A lista de reivindicações dos petroleiros incluía mudanças na política de preços da Petrobrás, a demissão do presidente da estatal, Pedro Parente, e a suspensão do programa de venda de ativos por parte da petroleira. Não havia demandas de caráter trabalhista.
Embora a paralisação não tenha sequer chegado à metade das 72 horas planejadas, a FUP afirmou considerar o movimento vitorioso. “Conseguimos dialogar diretamente com a pauta da sociedade, que não aguenta mais pagar o preço abusivo que está sendo cobrado no litro da gasolina, do óleo diesel, e do botijão de gás”, disse, em vídeo, o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel. Ele não respondeu às tentativas de contato feitas ontem.
O secretário-geral da FNP, Eduardo Henrique da Costa, criticou a decisão da FUP de recomendar o fim da greve. Os sindicatos da cidade do Rio, Sergipe e Pará, ligados à FNP, se reunirão hoje para decidir sobre o movimento. A FNP é uma dissidência da FUP. Com a separação, a FUP passou a representar 12 sindicatos de petroleiros e a FNP, cinco.