O Estado de S. Paulo

Empresário preso por locaute

Gravações apontam que dono da empresa de logística gaúcha Irapuru ameaçou caminhonei­ros que furassem a greve

- Fabio Serapião / BRASÍLIA

Num áudio atribuído a Vinicius Pellenz, dono de empresa de logística de Caxias do Sul (RS), caminhonei­ros que continuava­m a trabalhar após o início da greve eram ameaçados.

A Polícia Federal prendeu ontem o primeiro empresário suspeito da prática de locaute durante a greve dos caminhonei­ros. Vinicius Pellenz, dono da empresa de logística Irapuru, de Caxias do Sul (RS), foi detido no âmbito da operação Unlocked. A prática de locaute, paralisaçã­o promovida por empresário­s para atender aos seus interesses, é proibida no Brasil. No caso de Pellenz, a PF enquadrou sua atuação como atentado à liberdade do trabalho, ameaça e associação para o crime.

O crime, ainda de acordo com a PF, teria ocorrido nas rodovias RS-122, RS-452 e BR-116, na região dos municípios de Bom Princípio, Feliz e Vila Cristina, no Rio Grande do Sul.

O Estado teve acesso a um áudio atribuído ao empresário com suposta ameaça a caminhonei­ros que continuava­m a trabalhar após o início da greve. A gravação circulou nos grupos de WhatsApp utilizados por caminhonei­ros e foi anexada ao inquérito que deu origem à prisão do empresário.

“Ô nego, para teus caminhão ali. Vieram falar aqui que ali no Alto Feliz tu tá andando com milho. Não leva milho, não faz nada para a Agrosul”, diz o áudio creditado ao empresário.

Em outro trecho da gravação, distribuíd­a em grupos de WhatsApp utilizados pelos grevistas, o empresário manda um caminhonei­ro parar os caminhões. “Os guris já estão ligados. Tem uns caras escondidos nos morros das batatas ali pra cima. Agora, ninguém vai mais subir e ninguém vai descer. Para os caminhão.”

Sediada em Caixas do Sul (RS), a Irapuru informa, em seu site, que presta serviços de movimentaç­ão e armazenage­m de carga em todo território nacional, Argentina e Uruguai. A reportagem tentou contato com a empresa e com o advogado Lúcio de Constantin­o, que defende Pellenz, mas não obteve resposta.

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