Nome aos bois
O Brasil assistiu horrorizado ao espancamento e humilhações de motoristas, até um morto a pedrada, milhares mantidos reféns nas rodovias. Nesse período de barbáries, diversas vezes o comitê de “esclarecimentos” do governo veio a público informar que empresários inescrupulosos que cometeram locaute (palavrinha que só apareceu na Constituição de 1937 e significa “greve de empresários”) para tirar vantagens espúrias já foram notificados, que os líderes dos bloqueios e os infiltrados estão sendo identificados e que multas milionárias serão aplicadas, hoje estimadas em R$ 340 milhões. Pois bem, a situação de quase calamidade está superada, pelo menos parece. Estradas liberadas, combustíveis chegando ao destino, gêneros alimentícios voltando às prateleiras dos supermercados e animais e aves finalmente tratados. Passou a tempestade, voltou a bonança, e estamos conversados? Nada disso, o povo exige que o dito comitê da crise dê nome aos bois e revele quem foram os comandantes e os covardes paus-mandados dessa insurreição. E também que preste conta das pesadas multas que se multiplicam a cada dia, não podem ser só da boca pra fora, como foi comum em outras paralisações. Lembrem-se de que nós, o “tesouro do governo”, estamos arcando com R$ 13 bilhões, portanto, as multas serão bem-vindas para ajudar a cobrir o rombo anunciado. SÉRGIO DAFRÉ sergio_dafre@hotmail.com Jundiaí