Polícia acha arma do mesmo modelo usado contra Marielle
Submetralhadora de forças de segurança foi encontrada em ação contra milícia; confronto balístico determinará uso
Um confronto balístico determinará se a submetralhadora HK-MP5 apreendida pela Polícia Civil em uma ação contra milicianos em Itaguaí, na Baixada Fluminense, anteontem, foi usada para matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista dela, Anderson Gomes. De fabricação alemã, a arma, encontrada em um apartamento vazio do Condomínio Zafira, do programa Minha Casa Minha Vida, em Chaperó, estava ao lado de outros armamentos da milícia que domina o conjunto. Havia também uma metralhadora, quatro pistolas, dois revólveres e munição. Diferentemente das demais, a HK-MP5 é dificilmente apreendida no Rio.
O modelo é usado pelo Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) e pela Coordenadoria de Operações Especiais da Polícia Civil do Rio, além de grupos de elite das Forças Armadas. Desde que a reconstituição do crime, em 11 de maio, confirmou o tipo da arma do caso Marielle, foi determinada uma perícia em todas aquelas de que as forças de segurança dispõem atualmente.
A arma encontrada agora será periciada pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli. “Vai ser feito o confronto balístico com o projétil recuperado, que está amassado, e com estojos. Por microcomparação, será possível identificar as ranhuras, que são individualizadas”, explicou ontem o promotor Jorge Luis Furquim, que investiga a milícia em Itaguaí. “Se as marcas forem iguais ao que foi coletado na cena do crime, haverá certeza absoluta.”
A apuração do caso está a cargo da Delegacia de Homicídios e os passos da investigação são mantidos sob sigilo. O carro da vereadora foi atacado na noite de 14 de março no Estácio, região central do Rio, quando ela ia para casa. Gomes morreu porque estava na linha de tiro.
O atirador estava em um carro em movimento e conseguiu acertar quatro tiros na cabeça de Marielle, seu alvo, o que revelou a perícia ao manusear a arma. O mandante teria motivação política e poderia estar ligado a milícias. Marielle norteava seu mandato na Câmara pela defesa das populações de favelas e mulheres.
Uma das linhas de investigação é de que ela teria contrariado interesses de milicianos que exploram áreas da zona oeste do Rio ao apoiar pleitos de moradores. O vereador Marcello Siciliano (PHS) é um dos investigados. Ele nega qualquer envolvimento nas execuções. Afirma que tinha bom relacionamento com Marielle na Câmara, apesar de estarem em campos opostos na política.
Na terça, foi preso Thiago Mendonça, o Thiago Macaco, suspeito de matar um colaborador de Siciliano. O crime ocorreu três semanas depois do assassinato de Marielle. Os casos podem estar ligados.
Prisão.