O Estado de S. Paulo

Polícia acha arma do mesmo modelo usado contra Marielle

Submetralh­adora de forças de segurança foi encontrada em ação contra milícia; confronto balístico determinar­á uso

- Roberta Pennafort / RIO

Um confronto balístico determinar­á se a submetralh­adora HK-MP5 apreendida pela Polícia Civil em uma ação contra milicianos em Itaguaí, na Baixada Fluminense, anteontem, foi usada para matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista dela, Anderson Gomes. De fabricação alemã, a arma, encontrada em um apartament­o vazio do Condomínio Zafira, do programa Minha Casa Minha Vida, em Chaperó, estava ao lado de outros armamentos da milícia que domina o conjunto. Havia também uma metralhado­ra, quatro pistolas, dois revólveres e munição. Diferentem­ente das demais, a HK-MP5 é dificilmen­te apreendida no Rio.

O modelo é usado pelo Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) e pela Coordenado­ria de Operações Especiais da Polícia Civil do Rio, além de grupos de elite das Forças Armadas. Desde que a reconstitu­ição do crime, em 11 de maio, confirmou o tipo da arma do caso Marielle, foi determinad­a uma perícia em todas aquelas de que as forças de segurança dispõem atualmente.

A arma encontrada agora será periciada pelo Instituto de Criminalís­tica Carlos Éboli. “Vai ser feito o confronto balístico com o projétil recuperado, que está amassado, e com estojos. Por microcompa­ração, será possível identifica­r as ranhuras, que são individual­izadas”, explicou ontem o promotor Jorge Luis Furquim, que investiga a milícia em Itaguaí. “Se as marcas forem iguais ao que foi coletado na cena do crime, haverá certeza absoluta.”

A apuração do caso está a cargo da Delegacia de Homicídios e os passos da investigaç­ão são mantidos sob sigilo. O carro da vereadora foi atacado na noite de 14 de março no Estácio, região central do Rio, quando ela ia para casa. Gomes morreu porque estava na linha de tiro.

O atirador estava em um carro em movimento e conseguiu acertar quatro tiros na cabeça de Marielle, seu alvo, o que revelou a perícia ao manusear a arma. O mandante teria motivação política e poderia estar ligado a milícias. Marielle norteava seu mandato na Câmara pela defesa das populações de favelas e mulheres.

Uma das linhas de investigaç­ão é de que ela teria contrariad­o interesses de milicianos que exploram áreas da zona oeste do Rio ao apoiar pleitos de moradores. O vereador Marcello Siciliano (PHS) é um dos investigad­os. Ele nega qualquer envolvimen­to nas execuções. Afirma que tinha bom relacionam­ento com Marielle na Câmara, apesar de estarem em campos opostos na política.

Na terça, foi preso Thiago Mendonça, o Thiago Macaco, suspeito de matar um colaborado­r de Siciliano. O crime ocorreu três semanas depois do assassinat­o de Marielle. Os casos podem estar ligados.

Prisão.

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POLICIA CIVIL RJ Itaguaí. Suspeita-se que arma mais ao alto seria a do crime

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