O Estado de S. Paulo

‘Compensaçã­o’ fragiliza setores, dizem analistas

- / DOUGLAS GAVRAS

Na avaliação de especialis­tas ouvidos pelo Estado, as medidas do governo para minimizar o impacto negativo nas contas públicas do subsídio ao diesel devem causar problemas a outros setores e fragilizar a exportação de manufatura­dos.

“Se o governo tira de um lado para colocar em outro, não há como garantir que haverá um reequilíbr­io. Eles têm de rezar para dar certo, mas é o tipo de coisa que se faz quando não há opção e só resta torcer para que haja compensaçã­o na arrecadaçã­o”, diz o especialis­ta em contas públicas Raul Velloso.

Ele avalia que os benefícios concedidos aos caminhonei­ros não vão ser suficiente­s para reverter o que foi feito no governo anterior. “É uma esmola. Houve investimen­to exagerado na compra de caminhões, pouco antes da recessão, que deixou os motoristas em dificuldad­es. Quando o governo age mal, obriga o setor privado a tomar decisões anormais. O que o Planalto precisa fazer é gerar condições para acelerar a recuperaçã­o da economia.”

Já o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, teme que as mudanças nos benefícios a exportador­es prejudique­m o comércio de manufatura­dos brasileiro­s. “Essa decisão do governo faz com que o Brasil se afaste mais das cadeias globais. O governo deixou claro que a exportação de manufatura­dos não é uma prioridade.”

Ele lembra que o fim da desoneraçã­o da folha de pagamento de alguns setores aumenta os custos de produção e torna as empresas menos competitiv­as no exterior.

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