O Estado de S. Paulo

‘Busquei uma linguagem que refletisse o caos’

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• Como se deu essa nova parceria sua com a roteirista Kata Wéber, de ‘Deus Branco’?

Ela me forneceu seu conhecimen­to técnico. A história é outra coisa. Remonta à minha juventude. Tinha uns 14 anos quando li o livro O Garoto Voador. Aquilo ficou comigo. Há uns quatro anos fui conhecer um campo de refugiados. A época era anterior à crise atual, mas já me levou a repensar conceitos como Europa e humanidade. Em algum momento, as duas ideias se fundiram no meu imaginário.

• Como cineasta você tem de construir imagens no inconscien­te do público. Fazer com que as pessoas acreditem...

E nós voltamos ao grande tema da minha juventude. É possível acreditar em tudo o que se vê? A própria religião encara o que pode ser um paradoxo – ver para crer. Lua de Júpiter nasceu com um sentimento de urgência muito grande. Com minha roteirista e, depois, com o diretor de fotografia Marcell Rév busquei criar uma linguagem que refletisse o caos. Sinto essa tensão, essa pressão todo dia em Budapeste. Como obra de arte, o filme está sempre em movimento.

• Câmera, atores. O espectador não tem tempo de pensar.

É o que ocorre hoje conosco. Não temos mais tempo de processar o que acontece conosco. Um cara que voa, por princípio, está acima disso. Muita coisa nesse filme ainda me escapa, mas o que me moveu foi um conceito de humanidade. Não é a história de Aryan, é a do médico. O que é preciso mudar no mundo atual.

• Como foi trabalhar com efeitos? Menos difícil que dirigir os 200 cães de Deus Branco. / L.C.M.

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