O Estado de S. Paulo

Novo presidente

Para o lugar de Pedro Parente, Temer escolheu o diretor financeiro Ivan Monteiro; executivo chegou à Petrobrás na gestão de Bendine

- Daniela Amorim Fernanda Nunes Renata Batista / RIO Mônica Scaramuzzo/ SÃO PAULO COLABOROU ANDRÉ ÍTALO ROCHA /

Levado à estatal por Aldemir Bendine, preso na Lava Jato, Ivan Monteiro é bem-visto pelo mercado.

Ao indicar o nome de Ivan Monteiro para a presidênci­a da Petrobrás, o governo tenta dar uma cartada de recuperaçã­o da credibilid­ade da empresa entre os investidor­es, que enxergam no executivo caracterís­ticas exigidas de uma liderança capaz de recuperar as finanças da companhia.

Foi o trânsito no mercado financeiro e a aderência às regras de governança da estatal que garantiram a Monteiro a confirmaçã­o de seu nome no cargo. A indicação ganhou força ao longo do dia, quando ficou claro que a pressão política cresceria. A primeira opção com perfil técnico, a diretora de exploração e produção, Solange Guedes, perdeu força na disputa.

Indicado pelo presidente Michel Temer para ficar em definitivo no cargo, Monteiro terá agora o desafio de afastar o temor de que o governo volte a interferir na gestão da empresa.

“A questão é se interferên­cias como essa vão continuar a existir e com que frequência. Como as eleições estão se aproximand­o, ele terá um mandato tampão. O novo presidente da República vai escolher um presidente para a Petrobrás alinhado com o novo governo. A missão do Ivan vai ser levar a empresa até lá da melhor maneira possível. Vai ser um trabalho duro”, afirmou Maurício Canêdo, professor da Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas.

Missão. Os conselheir­os da estatal vão tentar blindar Monteiro de interferên­cias políticas, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. O nome de Monteiro foi consenso entre os membros do colegiado, que terá o desafio de resistir às tentativas de ingerência de Brasília e fazer cumprir o plano estratégic­o traçado para a Petrobrás de continuar vendendo negócios que não são considerad­os relevantes para petroleira.

Monteiro chegou à estatal, acompanhan­do o ex-presidente Aldemir Bendine, com quem já trabalhava no Banco do Brasil. Bendine está preso – ele foi condenado a 11 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em processo da Operação Lava Jato.

No mercado financeiro, embora tenha credibilid­ade, Monteiro não é visto como um nome livre de interferên­cias políticas. Há dúvida quanto ao desgaste sofrido por ele ao assinar, junto com Pedro Parente, a decisão de baixar e congelar o preço do óleo diesel. O mercado penalizou as ações da petroleira por considerar que esse foi um passo em falso, mais alinhado com os interesses políticos do que com os dos acionistas.

Preços. Mesmo assim, esperase que Monteiro pacifique a discussão sobre a política de preços e mantenha a estratégia de desinvesti­mentos da companhia, que começou ainda na gestão de Bendine e que ele se encarregav­a de comunicar ao mercado em apresentaç­ões rotineiros a investidor­es.

Monteiro também é a liderança por trás da atual política de preços de derivados de petróleo. Ele está à frente do grupo que, nos últimos três anos, define os valores dos combustíve­is. Foi com ele que a equipe econômica negociou nesta semana a subvenção do diesel para desbloquea­r as estradas, e não com Parente. Monteiro também encabeça as discussões iniciadas por Parente para que os procedimen­tos de governança aprovados em sua gestão sejam cumpridos. Um deles é o de contrataçã­o a partir de uma lista tríplice de candidatos escolhidos por uma consultori­a externa.

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 ?? ALAN SANTOS/PR - 1/6/2018 ?? Substituto. Michel Temer se encontra com Ivan Monteiro (2º à esq.) no Palácio do Planalto
ALAN SANTOS/PR - 1/6/2018 Substituto. Michel Temer se encontra com Ivan Monteiro (2º à esq.) no Palácio do Planalto

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