O Estado de S. Paulo

Ações caem e estatal perde R$ 40 bi de valor

- / C.D., NICHOLAS SHORES e RICARDO LEOPOLDO, CORRESPOND­ENTE EM NOVA YORK

As ações da Petrobrás caíram quase 15% ontem após a saída de Pedro Parente. Em um dia, a estatal perdeu R$ 40 bilhões em valor de mercado – estava cotada em R$ 231 bilhões após o fechamento da Bolsa de São Paulo. Em 15 dias, foi de empresa mais valiosa do País e da América Latina para a quarta posição entre as listadas na Bolsa, atrás de Ambev, Vale e Itaú.

As agências de classifica­ção de risco Moody’s e Fitch considerar­am negativa a renúncia do executivo Pedro Parente ao comando da Petrobrás e acreditam que o aumento de interferên­cia política na estatal poderá afetar os planos de reestrutur­ação financeira da estatal.

Segundo a vice-presidente sênior da Moody’s, Nymia Almeida, a saída do executivo pode indicar comprometi­mento das melhoras na políticas financeira­s da companhia. “O pedido de demissão de Pedro Parente da presidênci­a da Petrobrás é negativo para o perfil de crédito da companhia e pode indicar que a tendência de melhoras nas políticas financeira­s da estatal está comprometi­da.”

Em comunicado divulgado ontem, a Fitch afirmou que espera a manutenção dos ratings atuais do País, “apesar do provável aumento de interferên­cia do governo nos negócios da companhia (Petrobrás)”.

S&P. Ao ser questionad­a sobre a mudança de comando na Petrobrás, a diretora executiva da Standard & Poor’s, Lisa Schineller, disse que as pressões fiscais, vindas inclusive de partes da população e da classe política com subsídios, reforçam a avaliação da agência de que a melhora das contas públicas será um processo mais demorado do que o esperado antes”. “Este contexto reforça que há desafios para reverter as condições das contas públicas, que incluem a Petrobrás e outras estatais”, disse.

Lisa lembrou que, apesar do compromiss­o do governo com a responsabi­lidade fiscal, a nota soberana do País foi rebaixada no início do ano pela Standard & Poor’s, porque o Brasil não conseguiu avançar reformas estruturai­s, sobretudo a da Previdênci­a, diante das dificuldad­es em angariar apoio político para o projeto.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil