Parente avaliou que iria atrapalhar o governo
Quem convive com o agora ex-presidente da Petrobrás Pedro Parente usa uma frase habitual dele para explicar seu pedido de demissão. Para qualquer situação, o executivo sempre disse que era melhor queimar o fusível do que o motor. No caso, ele é o “fusível” e Temer, o “motor”. Com índice de popularidade baixo e o apoio no Congresso se esvaziando no ano eleitoral, o emedebista precisa dar respostas para a população que cobra também a redução do preço da gasolina. Sabendo disso, Parente avaliou que estava atrapalhando, mais do que resolvendo.
» Foi assim... Parente não deu chance para o presidente Temer pedir que ficasse no cargo. Narra um interlocutor: “Como ele tirou do paletó uma cartinha, não caberia fazer nenhum apelo”. Estava gélido, nervoso e, para alguns, assustado.
» ...não era pra ser. A atitude recebeu críticas de quem acha que ele deveria ter negociado melhor sua saída. “Parente pensou nele, só nele. O governo, o País, que se dane”, diz um auxiliar próximo de Temer.
» Tranquilão. Apesar disso, Temer não teria se abalado. “Depois de ter enfrentado dois milhões de caminhoneiros, com diálogo, não iria se desequilibrar com a demissão de um executivo”, garante um aliado.
» Sem opção. Interlocutores de Parente respondem. Dizem que ele saiu para preservar a Petrobrás por não concordar com medidas que o governo deve tomar para responder às queixas pelos reajustes constantes também da gasolina.
» O cara... Quando Aldemir Bendine assumiu a Petrobrás, em fevereiro de 2015, as ações da empresa despencaram. Voltaram a subir quando foi anunciado que Ivan Monteiro seria o diretor financeiro.
» ...do mercado. Mesmo efeito ocorreu ontem depois das notícias de que Monteiro assumiria a petroleira após a demissão de Parente. A bolsa fechou ontem em alta de 0,63.
» Ela? Solange Guedes, que cuida da área de exploração e produção, é considerada linha-dura, mais do que Pedro Parente. Por isso, assustou alguns a informação de que seu nome foi cotado para a vaga dele.
» Agora vai. Depois de quatro ministros se declararem impedidos, o processo em que o Tribunal de Contas da União apura superfaturamento no Rodoanel Norte, em São Paulo, ficou sob a relatoria do ministro Walton Rodrigues, sorteado em abril deste ano.
» Tô fora! Augusto Nardes, Vital do Rêgo, Aroldo Cedraz e Ana Arraes se declararam impedidos. A auditoria, revelada pelo Estado, já apontou R$ 55,6 milhões de sobrepreço em pagamentos da Dersa à OAS. O relator autorizou pedido para aprofundar a investigação. » Gasolina. A CNT pode dar ainda mais razão aos caminhoneiros na segunda, quando divulga estudo sobre acidentes e infraestrutura rodoviária. No documento são apresentados os fatores que contribuem para a ocorrência de acidentes.
» No bolso. Levantamento da ValeCard, especializada em gestão de frotas, aponta que o preço da gasolina comum variou 173% na greve.
COM NAIRA TRINDADE. COLABORARAM BRENO PIRES, MURILO RODRIGUES ALVES, ADRIANA FERNANDES E ELIANE CANTANHÊDE