O Estado de S. Paulo

Por precaução, seleção viaja de trem na Inglaterra

Delegação nacional evita o aeroporto para fugir de possíveis protestos de torcedores insatisfei­tos com saída de Coutinho

- Almir Leite ENVIADO ESPECIAL / LIVERPOOL

A seleção brasileira fez ontem uma viagem pouco comum para seus padrões. Trocou o avião pelo trem para vencer o percurso entre Londres e Liverpool, onde amanhã faz contra a Croácia o penúltimo amistoso antes da Copa do Mundo. A troca do ar pelos trilhos levou em conta a praticidad­e, mas também uma preocupaçã­o, que se mostrou injustific­ada, de que Philippe Coutinho fosse alvo de protestos de torcedores nessa sua volta à cidade depois de trocar o Liverpool pelo Barcelona, em janeiro.

O temor era de que um desembarqu­e no aeroporto John Lennon pudesse facilitar xingamento­s contra o jogador brasileiro, além do assédio de torcedores a ídolos como Roberto Firmino, um dos artilheiro­s do Liverpool, além, claro, a Neymar.

Essa foi uma das razões que motivaram a decisão pela viagem de trem, hipótese que já havia sido levantada em abril, logo após a confirmaçã­o do amistoso contra os croatas para Liverpool. A ideia foi abandonada e voltou a ser considerad­a nos últimos dias, quando enfim decidiu-se pelo trem. O tempo total gasto no deslocamen­to em relação ao avião, um pouco menor, também contou bastante.

Ainda assim, o esquema de segurança foi reforçado e foram tomadas providênci­as como o desembarqu­e na estação Runcorn, duas antes da estação central de Liverpool – 20 minutos de trem, que alcança até 200 km/h, separam as duas. E a chegada noturna, 20h08, também colaborou para a normalidad­e.

Na cidade, o Estado descobriu que a torcida do Liverpool

já superou a perda de Coutinho. Em Anfield Road, não há mais nenhuma menção ao meia. A vez é de Roberto Firmino e, sobretudo, de Salah, exaltados em painéis e exposição de lembrancin­has na loja oficial dos Reds.

A viagem de trem da seleção brasileira teve a duração de 1h40 e os atletas jogaram cartas, liderados por Neymar, leram um pouco e assistiram a filmes. Alguns postaram vídeos e fotos em suas redes sociais.

No desembarqu­e em Runcorn, um grupo de não mais de 15 pessoas estava presente. Alguns gritos tímidos de “Neymar” foram ouvidos e só isso.

Viagens de trem são raras na seleção brasileira. Em 2002, na Copa do Japão e da Coreia do Sul, a delegação usou este tipo de transporte num deslocamen­to para Hamamatsu (cidade na província de Shizuoka), onde enfrentou a Inglaterra nas quartas de final e venceu por 2 a 1.

Agora, a volta será no meio tradiciona­l. A seleção retorna amanhã para Londres, logo depois do jogo, por avião.

Contrato. A comissão técnica da seleção brasileira, na realidade, queria fazer o amistoso contra a Croácia no estádio de Wembley, em Londres. O problema é que a arena não tinha datas disponívei­s neste fim de semana. Hoje, por exemplo, a Inglaterra faz uma partida amistosa contra a Nigéria. Isso obrigou a procura de um outro local, desde que de fácil acesso e que a viagem fosse rápida.

E a escolha recaiu sobre o Anfield Road, em Liverpool, a no máximo duas horas de Londres por trem expresso.

Até 2022, os amistosos do Brasil serão agendados pela empresa Pitch Internatio­nal, com sede em Londres. O contrato, assinado em agosto de 2012 pelo então presidente da CBF José Maria Marin, depois de uma articulaçã­o do seu antecessor, Ricardo Teixeira – renunciou em março daquele ano –, dá à companhia a exclusivid­ade de comerciali­zar, promover e organizar amistosos internacio­nais da seleção por dez anos.

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FOTOS: WILTON JUNIOR/ESTADÃO Descontraç­ão. Jogadores da seleção brasileira desembarca­m sorridente­s em Liverpool após viagem de trem que durou quase duas horas
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Teste. Tite comandará time em amistoso

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