O Estado de S. Paulo

DE REFUGIADO A MOTOR DA SELEÇÃO

Meia croata supera adversidad­es para brilhar

- Matheus Lara

Oelemento nada surpresa dos croatas para tentar dar trabalho a seus adversário­s nesta Copa do Mundo precisou superar adversidad­es da guerra e a desconfian­ça de seus pares para se tornar a principal peça de uma seleção de futebol e destaque num clube cheio de “galácticos”. Luka Modric, de 32 anos, vai para seu terceiro Mundial. Versátil, o atleta se destaca como armador ou segundo volante, e tem no chute de fora da área uma de suas principais armas.

Hábil tecnicamen­te, o provável capitão do time nacional tentará usar na Rússia sua experiênci­a de disputas difíceis com o Real Madrid para tentar surpreende­r os rivais. Antes do Mundial, o primeiro desafio é diante do Brasil, no amistoso de amanhã. Ele e o meia Rakitic, que atua no rival Barcelona, são as principais referência­s do adversário da seleção brasileira no duelo em Liverpool.

Mas o futebol vistoso de Modric esconde uma história de superação pessoal e também profission­al. Nascido durante a Guerra dos Bálcãs numa cidade que pertencia à antiga Iugoslávia, encarou desde cedo um ambiente hostil. Perdeu o avô num bombardeio perto de onde morava. Quando tinha apenas 6 anos, precisou abandonar sua casa com a família e morou em um hotel para refugiados. Seu pai estava na guerra, do lado dos que pediam a independên­cia da Croácia.

O futebol apareceu como uma forma de superar aquilo tudo. Mas também não foi fácil. Magro e fraco entre os 11 e 17 anos, ouviu muitos “nãos” até ter sua habilidade técnica notada pelo Dínamo de Zagreb, o maior time da Croácia. Ganhou experiênci­a e rodagem sendo emprestado a equipes menores, e depois deslanchou. Em 2008, aos 23 anos, foi para o Tottenham, no futebol inglês, onde ganhou destaque e aprimorou o estilo que o fez se tornar ídolo em seu país.

Em 2013 veio um novo desafio: o poderoso Real Madrid. Ele sabia que precisaria enfrentar a concorrênc­ia de atletas como Xabi Alonso, Khedira, Özil e Kaká. Não foi nada para o meia, que com Carlo Ancelotti se tornou titular absoluto e passou a ser o “motor” da equipe de Cristiano Ronaldo e companhia. Assumiu a camisa 10 e já coleciona uma lista extensa de títulos com o time merengue, como quatro edições da Liga dos Campeões, três Mundiais de Clubes, além de prêmios individuai­s como o de melhor jogador da última conquista mundial do Real Madrid, diante do Grêmio, no ano passado.

Fora dos gramados, vive um novo momento conturbado. O jogador responde a um processo na Croácia no qual é acusado de prestar falso testemunho, crime no país, durante um depoimento na temporada de 2017. O Ministério Público croata acusa o jogador de mentir diante da Justiça a favor de Zdravko Mamic, ex-dirigente do Dínamo e acusado de corrupção.

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Versátil. Croata ajuda na marcação e é peça chave para o ataque Próxima estrela: Cueva, meia que ajudou o Peru a voltar para o Mundial após 36 anos
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