‘Sucesso passa por formar os melhores’
Chefe da formação de atletas tricolor celebra bom momento e fala ao ‘Estado’ sobre transição e saídas de promessas
Desde o início do ano passado no São Paulo, o chefe da base tricolor, Pedro Smania, comemora o bom momento da equipe Sub-20, comandada por Orlando Ribeiro e que tem obtido um bom desempenho nos torneios que disputa. O time decide hoje a Copa do Brasil da categoria, contra o Corinthians, no Morumbi, às 10h45, depois de perder por 2 a 1 na ida, semana passada.
O São Paulo Sub-20 tem mais uma decisão pela frente. Como é visto esse bom momento da equipe internamente?
Todos estão bem satisfeitos com o desempenho desportivo em campo e felizes com o aproveitamento dos meninos que vão para o profissional e que dão o retorno esperado pela comissão técnica principal.
Como tem sido o contato dos meninos da base com Aguirre? Frequente e sempre com um diálogo aberto. O relacionamento do André Jardine comigo e com Cotia tem facilitado muito essa integração. Temos atletas de muito potencial formados na base do São Paulo e isso é motivo de orgulho.
O São Paulo vai treinar dez dias em Cotia. O que o contato com o time principal representa para um atleta em formação? Eles vão ver os ídolos deles ali, vão perceber o profissionalismo, o empenho no dia a dia, vão ver que durante toda a carreira deles a exigência só vai aumentar e que serão cobrados cada vez mais.
Muitos atletas que mal subiram para o profissional neste ano já foram emprestados, como o Rony e o Pedro Augusto. Por que isso acontece?
A maioria desses jovens só tem sua formação total por volta dos 21, 22 anos. Então, esses empréstimos são muito bem vistos para que eles ganhem rodagem e experiência. Qualidade eles já têm. Então, precisam de experiência para amadurecer e voltar mais maduros para incorporarem o elenco do São Paulo. Tudo que é feito é sempre pensado no sucesso do São Paulo. E o sucesso futuro passa por ter sempre os melhores atuando no profissional.
Mas muitos jovens acabam sendo vendidos rapidamente. Não frustra formar promessas e vêlas indo embora sem tempo de ajudar o clube em alguma conquista?
Nós gostamos de ver nossos atletas formados na base felizes. Essa é a realidade. Óbvio que a visão do clube é formar atletas para uso profissional. Mas este uso pode ter um retorno desportivo ou financeiro. Pessoalmente, com relação a eles, gosto de vê-los felizes. E a decisão final de sair ou não é sempre do atleta. Se a felicidade dele é esta, fico feliz. E é gratificante ver atletas como David Neres e Luiz Araújo atuando em alto nível na Europa tendo sido formados aqui. Nos sentimos orgulhosos.
Recentemente, denúncias relacionadas a assédio em categorias de base ganharam o noticiário esportivo. Como você vê esse problema?
Lamento perceber que esse tipo de coisa ocorra. Mesmo em outros esportes. Isso não tem a ver com esporte, é uma questão de educação a outro ser humano. Mas é um assunto delicado, e que deve ser abordado para não cair no esquecimento. Tem de ser colocado tudo à luz das informações para que haja clareza sobre o que acontece ou não. Lamento muito esse tipo de notícia. Trabalhar com formação é trabalhar com sonhos e não se pode usar esses sonhos a seu bel-prazer.
Esse tipo de problema te preocupa no São Paulo?
O que compete a mim é ter muito cuidado. Trabalhamos com meninos em formação e graças a Deus o São Paulo é muito bem blindado em relação a isso. Temos dois psicólogos, um pedagogo e uma assistente social. Nos reunimos semanalmente e falamos sobre vários temas. Eles trazem à reunião qualquer eventual problema que algum atleta possa estar passando, como de álcool na família, drogas, e atendemos com muito carinho ao primeiro sinal detectado para resolver o problema. Quanto a assédio sexual, essas denúncias só nos deixaram ainda mais com o sinal amarelo de alerta em pé, como já fazemos com qualquer outro problema.