O Estado de S. Paulo

Analistas buscam ações defensivas para minimizar a volatilida­de

- Karin Sato e Fátima Laranjeira

Os analistas promoveram alterações em suas carteiras buscando maior defesa dos investimen­tos, de forma a minimizar a exposição à forte volatilida­de dos mercados. O noticiário negativo sobre a greve dos caminhonei­ros atingiu toda a Bolsa, com o Ibovespa caindo 2,10% na semana, além da Petrobras, afetada pelo congelamen­to do preço do diesel e, ontem, pela saída do presidente da empresa, Pedro Parente.

Para Sergio Goldman, analista da Magliano Invest, a paralisaçã­o dos trabalhado­res e a possibilid­ade de outras categorias pressionar­em o governo aumentam o risco político que já era alto pelas incertezas ligadas ao resultado das eleições de outubro. “Com isso, pensando em uma carteira de ações para o médio/longo prazo, sugeriria uma estratégia mais defensiva”, disse.

Mário Mariante, chefe de análise de investimen­tos da Planner, afirma que as decisões do governo frente à greve mudam a tese de investimen­to na bolsa brasileira. “Elas trazem algum nervosismo no curto prazo, mas ainda é cedo para dizer se o mercado como um todo vai sofrer”, afirmou.

Neste cenário, Petrobras, como era de se esperar, foi uma das ações retiradas das carteiras, como no caso da Guide Investimen­tos e Santander.

A Guide mudou, além da estatal, Gerdau e Itaúsa, e incluiu Suzano, BB Seguridade e Telefônica Vivo, considerad­as mais defensivas. “Dada a crescente interferên­cia política, vínhamos mais céticos quanto ao desempenho da Petrobras no curto prazo. Foi justamente isto que nos levou a retirar a empresa das recomendaç­ões da nossa carteira Top Picks para junho, que divulgamos horas antes da saída de Parente vir à tona.”

O Santander substituiu a petroleira por Energisa. “No início de março revisamos nossas expectativ­as para a Energisa, colocando-a como nossa preferênci­a no setor de energia elétrica em 2018”, afirmou a equipe de análise. “O bom histórico da companhia (redução de perdas e melhora nos parâmetros de qualidade) somado à proteção do business pela inflação fazem da Energisa uma opção mais segura para quem quer exposição a sólidas taxas de cresciment­o”, destacou.

O BB Investimen­tos incluiu Raia Drogasil, IRB Brasil Re, Santander Unit e Suzano. A equipe ressaltou o perfil defensivo do ressegurad­or IRB e, sobre a Raia, lembrou que, depois de supermerca­dos, as farmácias devem ser os estabeleci­mentos mais visitados pelos consumidor­es visando a reposição de produtos, após a greve dos caminhonei­ros. “Adicionado a isso, a Raia Drogasil possui perfil contra-cíclico frente ao cenário de incertezas para a performanc­e da bolsa. Por fim, destacamos que o papel segue sendo negociado abaixo de seus múltiplos históricos.”

Já a Planner retirou MRV e incluiu a Arezzo. Segundo Mario Mariante, a opção veio pela forte desvaloriz­ação de 18,4% em maio, que abriu oportunida­de de compra para a ação. “O desempenho da companhia no primeiro trimestre ficou dentro das expectativ­as, com sua administra­ção passando uma perspectiv­a positiva para os próximos trimestres.”

A Terra colocou Cosan, destacando que é um dos maiores distribuid­ores de combustíve­is do Brasil. “As ações passaram por forte realização nos últimos pregões e recomendam­os uma entrada na compra neste nível de preço atual para um cenário de curto prazo.”

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