‘Está faltando combustível no Palácio do Planalto’
Numa análise política conjuntural, faz sentido olhar a sociedade como formada por três pilares: sociedade civil ou trabalhadores; classe política, seus dirigentes; e elite econômica, composta por empresários e mercado. O governo do presidente Michel Temer chegou a tal ponto de esgarçamento que não tem o apoio convicto de nenhum dos três setores. Isso não significa que apostam na sua saída, mas nem o mercado nem a classe política têm mais a disposição de defendê-lo como antes.
A greve dos caminhoneiros poderia ter sido voltada para os empresários. Eles poderiam contestar o alto preço do frete, mas não, reclamaram do preço do combustível, ou seja, da parte que cabe ao governo. A política de preços da Petrobrás teve um impacto no aumento do combustível, mas o problema foi que o governo não teve força para sustentar isso.
O pedido de demissão do presidente da Petrobrás, que tinha tanto respaldo no mercado e em boa parte do mundo político, é mais um capítulo da demonstração de fraqueza deste governo. A sete meses do fim do mandato, Temer enfrenta pressão de todos os lados e não está mais conseguindo coordenar.
Mais além, demonstra que o plano – ou o marketing – de que o governo resolveria os problemas econômicos do País foi um fiasco: do time que era tido como de notáveis, só sobrou o presidente do Banco Central, Ilan Goldfjan, e a economia não voltou aos patamares anteriores.
Quando assumiu o cargo, Temer costurou alianças e tinha uma sólida base de apoio no Congresso. Durante os momentos de turbulência, ao que parece, gastou todo o capital político para barrar as duas denúncias contra ele na Câmara dos Deputados, no ano passado.
A partir de agora, Temer deve fazer o mínimo. Nenhum projeto ou reforma relevante vai passar. Está faltando combustível no Palácio do Planalto. Apesar de terem conseguido melhorar a situação da Petrobrás, não há como saber se a estatal voltará a sofrer pressões do mundo político.