O Estado de S. Paulo

Petrobrás em xeque

- Edmar L. Fagundes de Almeida PROFESSOR DO INSTITUTO DE ECONOMIA - UFRJ

Amaneira conturbada e os motivos que levaram à queda de Pedro Parente colocam em xeque não apenas a recuperaçã­o da Petrobrás, mas também pilares da política energética e ambiental do País.

O impacto da intervençã­o do governo na Petrobrás é devastador no curto prazo. Os investidor­es e parceiros da empresa assistiram atônitos o fim da autonomia recentemen­te conquistad­a. A percepção de elevado risco político representa uma enorme barreira a implementa­ção do atual plano estratégic­o da empresa, que passa por negociaçõe­s de parcerias, venda de ativos e a rolagem da enorme dívida da empresa. Isto acontece num momento ruim de elevação dos juros no mercado internacio­nal.

A longo prazo as consequênc­ias não são menos importante­s. A queda de Parente contribui para legitimar politicame­nte a ideia de que a Petrobrás não tem direito a vender seu principal produto pelo preço de mercado.

Este desafio à empresa é potencialm­ente muito mais destruidor de valor do que se imagina. Se a condição de ser estatal implica em praticar um preço de petróleo significat­ivamente inferior aos das outras empresas atuando no Brasil e no mercado internacio­nal, a credibilid­ade econômica da Petrobrás passa a estar em xeque. Neste contexto, dificilmen­te conseguirá mobilizar os recursos necessário­s para cumprir com seu plano de expansão no pré-sal.

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