O Estado de S. Paulo

Para diesel cair, Estados têm de cortar ICMS

São Paulo e Rio de Janeiro, principais consumidor­es, já promoveram a redução do imposto, mas caberá aos demais Estados acompanhar ou não a decisão

- Fabrício de Castro/ BRASÍLIA

A redução integral de R$ 0,46 no preço do litro do diesel, anunciado pelo governo para encerrar a greve dos caminhonei­ros, somente chegará aos postos dos Estados que aceitarem reduzir o ICMS incidente sobre o combustíve­l. São Paulo e Rio de Janeiro, os principais consumidor­es, já promoveram a redução do imposto, mas caberá aos demais Estados acompanhar ou não a decisão. Se o ICMS não cair, o desconto será de R$ 0,41.

A redução do ICMS foi a forma encontrada pelo governo federal para garantir, efetivamen­te, a baixa de R$ 0,46 ao consumidor final de diesel. Isso porque, conforme os distribuid­ores, o anúncio do governo de redução de R$ 0,46 do valor do diesel na refinaria não havia considerad­o que o combustíve­l é misturado com o biodiesel antes de ser vendido. São 10% de biodiesel, o que representa­ria R$ 0,05 do desconto. Como o biodiesel não teve a tributação reduzida, o desconto máximo na ponta final seria de R$ 0,41. Com a baixa do ICMS, chega-se aos R$ 0,46.

“A questão dos R$ 0,46 está sendo resolvida através da redução do ICMS. Já temos isso em São Paulo e no Rio de Janeiro, e a expectativ­a é de que todos os Estados sigam o exemplo”, afirmou ontem o presidente da Associação Nacional das Distribuid­oras de Combustíve­is, Lubrifican­tes, Logística e Conveniênc­ia (Plural), Leonardo Gadotti.

O executivo esteve reunido no fim da manhã de ontem, em Brasília, com o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, e com representa­ntes de distribuid­oras e do varejo de combustíve­is. O objetivo era justamente acertar os detalhes para que o desconto de R$ 0,46 chegue ao consumidor final.

“O que para nós, postos, seria R$ 0,41 de desconto, porque há o biodiesel (misturado ao diesel), vai ser complement­ado com essa ação dos Estados brasileiro­s”, confirmou o presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíve­is e Lubrifican­tes (Fecombustí­veis), Paulo Miranda Soares. “A Petrobrás fez sua parte, o governo federal fez sua parte, e agora dependemos também dos Estados.”

A adesão dos demais Estados, no entanto, não é uma certeza. O último Ato Cotepe – documento do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) – já trouxe a redução de ICMS no diesel em São Paulo e no Rio. Outros 17 Estados mantiveram o ICMS, enquanto seis Estados elevaram.

Estoques. Outra dificuldad­e diz respeito aos estoques. Durante a greve, a Petrobrás seguiu bombeando combustíve­is aos distribuid­ores, que têm cotas diárias. O fim da greve pegou as distribuid­oras com os estoques altos. Isso significa que o diesel mais barato somente chegará ao consumidor final após os estoques das distribuid­oras com combustíve­l antigo caírem.

De acordo com Gadotti, a expectativ­a é de que, ao longo da próxima semana, o estoque das distribuid­oras acabe e o desconto comece a ser repassado. “Em alguns locais, os estoques são maiores. Em lugares como São Paulo e Rio, o repasse acontece de forma mais imediata, porque o consumo é grande”, pontuou.

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FELIPE RAU/ESTADÃO - 11/12/2017 Ministro. Moreira Franco se reuniu com distribuid­ores

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