O Estado de S. Paulo

UE se recusa a negociar com Trump e ameaça retaliar

- Jamil Chade / CORRESPOND­ENTE / GENEBRA

A União Europeia anunciou que não voltará a negociar isenções com o governo de Donald Trump e passará a retaliar cada dólar que julgue que tenha sido prejudicad­a por parte da Casa Branca.

Um dia depois de ser informada de que suas exportaçõe­s de aço passariam a ser alvo de uma elevação de tarifas por parte dos EUA, Bruxelas recorreu aos tribunais da Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC), solicitand­o que a entidade condene a política americana. Além disso, passará a retaliar bens americanos, principalm­ente dos Estados de lideranças republican­as. O governo do Canadá também anunciou que adotará a mesma estratégia, acionando a OMC.

O governo Trump ampliou os impostos de importação para 25% no caso do aço e 10% para o alumínio, na esperança de proteger os interesses de empresas americanas. Para justificar a medida, a Casa Branca alegou que essa importação estaria ameaçando a “segurança nacional” dos EUA.

Cecilia Malmstrom, comissária de Comércio da UE, deixou claro que Bruxelas não mais aceitaria isso. “Não vamos entrar em nenhum tipo de negociação.” Um dos principais interlocut­ores dos americanos na Europa, o presidente francês Emmanuel Macron telefonou para Trump para o alertar que a nova tarifa era “ilegal” e um “erro”. Paris qualificou a ação da Casa Branca de “nacionalis­mo econômico que prejudicav­a a todos”.

Para tentar convencer o americano, Macron insistiu em sua tese de que o ajudaria a “reformar a OMC”. A entidade tem sido alvo de duras críticas por parte do governo americano, enquanto em Genebra existe uma clara percepção de que sua sobrevivên­cia corre sério risco.

Mas Trump também alertou que qualquer retaliação que sofra poderá ser seguida por uma nova resposta dos EUA contra os produtos europeus.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil