O Estado de S. Paulo

Meirelles diz não ser candidato do governo

Eleições. Ex-ministro de Temer tenta desvincula­r sua pré-candidatur­a à Presidênci­a da gestão do emedebista; ele também não quer ser visto como nome do mercado na disputa

- Igor Gadelha Adriana Fernandes

Ministro da Fazenda até abril, Henrique Meirelles (MDB) quer “tirar o rótulo” de candidato do governo e do mercado à Presidênci­a da República. Ao Estado, ele afirma que sua pré-candidatur­a não “representa especifica­mente” o governo Temer, mas sua atuação na iniciativa privada e no setor público.

Titular da Fazenda do presidente Michel Temer até abril, o agora ex-ministro Henrique Meirelles (MDB) quer “tirar o rótulo” de candidato do governo e do mercado à Presidênci­a da República. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, ele disse que sua candidatur­a não “representa especifica­mente” o governo Temer e, sim, seu currículo pessoal e sua atuação na iniciativa privada e no setor público.

“Estou tirando o rótulo. Por exemplo, não sou o candidato do mercado, não sou o candidato do governo, não sou o candidato de Brasília. A minha proposta é a proposta do meu histórico”, afirmou Meirelles. “Não estou tentando tirar um rótulo. Estou tentando tirar qualquer rótulo que não seja a minha proposta, meu histórico.”

Recém-filiado ao MDB, Meirelles foi lançado oficialmen­te como presidenci­ável no mês passado pelo próprio Temer, que desistiu de tentar se reeleger. Na ocasião, o presidente cobrou união do partido em torno da candidatur­a, que enfrenta resistênci­as internas, como o do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE).

Em resposta ao fato de ter sido integrante do governo até pouco tempo, o ex-ministro repete o mote da sua campanha, o de que é candidato da renda, do cresciment­o, do emprego e da inflação sob controle. “Mas acredito que as reformas feitas por esse governo são fundamenta­is e, no Ministério da Fazenda,

conseguimo­s neste governo retirar a economia da maior recessão da história e criar dois milhões de postos de trabalho. Isso é um dado inquestion­ável”, afirmou Meirelles, que desconvers­a sobre a participaç­ão de Temer na campanha.

“Isso é uma escolha dele. Minha campanha será aberta a todos, não existe restrição”, disse. O presidente já avisou que não pretende participar diretament­e dos palanques eleitorais, mas vem cobrando um candidato alinhado com a defesa do que chama de legado do seu governo.

Para Meirelles, a recuperaçã­o mais lenta da economia do que o esperado não vai prejudicar a sua candidatur­a. Pelo contrário, diz ele, pode beneficiá-lo porque acontece justamente no momento em que se intensific­a o debate eleitoral.

Greve. Ele também não vê impacto da crise dos combustíve­is em sua candidatur­a, pois, segundo o ex-ministro, sua proposta é de “quem, quando entra no governo, resolve e tem oferecido resultados concretos para população”. No auge da crise provocada pela greve dos caminhonei­ros, Meirelles participou de reunião no Palácio do Planalto para tratar do assunto.

O ex-ministro também tem acompanhad­o Temer em agendas do governo considerad­as positivas, como entregas de casas, e chegou a sugerir a proposta de um fundo de estabiliza­ção para bancar o subsídio aos combustíve­is em momentos de alta de preços. Em sua pré-campanha, Meirelles já percorreu 27 cidades desde que deixou o comando

do Ministério da Fazenda.

Para defender as políticas implementa­das na pasta, Meirelles argumenta que os possíveis resultados econômicos ruins de agora são reflexo das incertezas do cenário eleitoral e não frutos de sua gestão.

“A defesa das políticas implementa­das pelo governo é óbvia. São políticas que participei e que estão tendo grande sucesso. Agora, no momento em que a incerteza eleitoral e candidatos que têm posição forte nas pesquisas começam a propor voltar atrás, há um reflexo na economia”, afirmou.

Convenção.

Meirelles, por outro lado, conta com Temer para o que elegeu como prioridade no momento: buscar apoio interno dos diretórios estaduais para ser escolhido candidato na convenção, prevista para a última semana de julho. O ministro prepara para as próximas semanas nova bateria de viagens para dialogar e buscar “engajament­o” dos emedebista­s estaduais.

O ex-ministro deve ter adversário­s na disputa interna. Opositor de Temer, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) quer lançar o senador Roberto Requião (MDB-PR), enquanto o 1.º vicepresid­ente da Câmara, Fábio Ramalho (MDB-MG), articula lançar o ex-ministro Nelson Jobim. “Ele é a melhor alternativ­a para o momento. Tem conhecimen­to, tem boa relação com a esquerda e a direita, foi ministro do Supremo, ministro da Defesa”, disse Ramalho.

Meirelles também tem buscado se aproximar de parlamenta­res da sigla.

 ?? ADRIANO MACHADO / REUTERS – 1/5/2018 ?? Discurso. Henrique Meirelles diz que campanha vai reforçar o mote de que ele é o candidato do cresciment­o e do emprego
ADRIANO MACHADO / REUTERS – 1/5/2018 Discurso. Henrique Meirelles diz que campanha vai reforçar o mote de que ele é o candidato do cresciment­o e do emprego

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil