O Estado de S. Paulo

Em carta, Bolsonaro defende Bolsa Família com ‘auditoria’

Pré-candidato do PSL prepara documento no qual prioriza área social para disputar votos dos eleitores de menor renda

- Leonencio Nossa / BRASÍLIA

Preocupado em não perder votos entre eleitores de menor renda, o pré-candidato à Presidênci­a Jair Bolsonaro (PSL) prepara uma “carta de princípios” na qual se compromete­rá em manter o Bolsa Família, com mais auditorias, entre outras promessas. A estratégia do documento é formalizar compromiss­os do pré-candidato na área social, na qual incluirá também uma reforma da Previdênci­a “devagar”.

A carta de princípios do capitão da reserva do Exército mira a disputa por votos com Marina Silva (Rede) – a concorrent­e considerad­a mais difícil de bater –, e Ciro Gomes (PDT), ambos bem avaliados entre famílias de baixa renda. “Lula está fora de combate”, destacou Bolsonaro. “Eu vou fazer a minha parte.”

Conversas. A elaboração da carta ocorre em paralelo a conversas do economista Paulo Guedes, conselheir­o do précandida­to, com empresário­s e banqueiros para apresentar Bolsonaro. “Tenho aprendido com ele (Paulo) e ele tem aprendido comigo, que conheço a política: ‘Paulo, isso não passa na Câmara’”, disse o pré-candidato sobre as conversas com o economista. “A minha reforma da Previdênci­a, por exemplo, é por partes. Duvido que não votem uma primeira leva (de medidas).

Vai (se for) devagar.”

A preocupaçã­o da campanha de Bolsonaro é com eventual difusão de que um governo do pré-candidato do PSL poderá acabar com o Bolsa Família.

Criado há 14 anos pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o programa atende 13,9 milhões de famílias, que recebem em média R$ 178,46 por mês. A carta de princípios defenderá a análise de ações “pragmática­s” em saúde, emprego e educação para complement­ar a política de redução da pobreza.

Há preocupaçã­o também com o eleitorado feminino. Pesquisa Datafolha de janeiro mostrou, ainda num cenário com Lula candidato, que Marina vence Bolsonaro nos eleitorado­s feminino (20% a 11%), mais pobre (19% a 11%) e menos escolariza­do (17% a 9%). No Nordeste, reduto principal do eleitor do petista, Bolsonaro teve 9%, índice inferior tanto ao de Marina (16%) quanto ao de Ciro (15%). O Nordeste é a região apontada em pesquisas internas do grupo de Bolsonaro como área das mulheres mais refratária­s ao pré-candidato.

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GABRIELA BILO / ESTADÃO – 31/5/2018 Nordeste. Bolsonaro busca arregiment­ar votos na região

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