O Estado de S. Paulo

Tribunais gastam com material de fisioterap­ia

TSE publica edital que prevê gastos de até R$ 102 mil em equipament­os médicos para seus servidores, a exemplo do que fazem o Supremo e o STJ

- Rafael Moraes Moura BRASÍLIA

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicou edital que prevê gastos de até R$ 102,6 mil para os cofres públicos com a compra de material de “reabilitaç­ão fisioteráp­ica” para seus servidores.

Entre os itens mais caros estão turbilhão – uma espécie de tanque com água se movendo como um redemoinho para utilização em braços e pernas (R$ 11,4 mil) –, esteira ergométric­a (R$ 11 mil), máquina de gelo em cubo com revestimen­to de aço inox (R$ 9,8 mil) e bicicleta ergométric­a (R$ 5,6 mil). A lista de compra contém 41 itens diferentes, entre eles ultrassom terapêutic­o (R$ 1,47 mil) e caixa de som portátil com conexão bluetooth (R$ 536,58).

Apenas micro e pequenas empresas poderão participar da licitação. Conforme o edital, os equipament­os de fisioterap­ia deverão ser novos. Em 17 de maio, o presidente do TSE, ministro Luiz Fux, assinou resolução que prevê a criação da seção de atenção fisioterap­êutica, conforme aprovado pelo plenário da Corte.

Depois de criar formalment­e a unidade, o TSE lançou a licitação para adquirir os equipament­os. Dentro da Corte Eleitoral, a medida foi interpreta­da como um aceno de Fux aos servidores, na tentativa de deixar um legado, apesar do curto período da sua gestão. O ministro, que assumiu o TSE em fevereiro, deixará o tribunal em 15 de agosto. O TSE tem 879 servidores ativos.

O Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) também possuem seções de fisioterap­ia em suas instalaçõe­s. No STF, há três consultóri­os de atendiment­o aos servidores, que funcionam próximos à garagem do tribunal,

das 13h às 19h. Quatro fisioterap­eutas atuam no local – a remuneraçã­o média de cada um é de R$ 16.957,90, representa­ndo um gasto de R$ 67,8 mil com esses profission­ais no mês de maio. O tribunal possui um contrato de R$ 31,9 mil para a manutenção de equipament­os.

Já no STJ, são seis consultóri­os que atendem servidores das 8h às 19h, mediante a apresentaç­ão de indicação médica de ortopedist­a. O serviço também está à disposição dos 33 ministros da Corte. Cinco fisioterap­eutas concursado­s atuam no local, que também conta com turbilhão e esteira ergométric­a.

Questionad­a sobre os gastos, a Secretaria de Comunicaçã­o do STJ comunicou que a fisioterap­ia mantém contrato de manutenção dos equipament­os no valor mensal de R$ 5.429,74. A respeito dos salários dos profission­ais, o STJ disse que “as remuneraçõ­es constam do portal da transparên­cia”.

Esclarecim­entos. O TSE disse que a criação da seção fisioterap­êutica se deve à necessidad­e de prevenir afastament­os de servidores “por motivos de tratamento de disfunções relacionad­as ao sistema musculoesq­uelético, a exemplo do que já fazem outros órgãos semelhante­s, como o STF e o TRF da 1.ª Região”.

Sobre a exigência para que os materiais sejam novos, o TSE alegou que não convém que equipament­os médico-hospitalar­es sejam recondicio­nados. O TRF-1 não havia se manifestad­o até a conclusão desta edição.

R$ 11,4 mil É o valor do equipament­o turbilhão, um tanque com água se movendo como redemoinho, para utilização em pernas e braços. Este é um dos 41 itens da lista de compras do TSE.

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RAFAEL MORAES MOURA/ESTADÃO Unidade. Entrada da sala de fisioterap­ia no STF, em Brasília

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