O Estado de S. Paulo

O 1º BRASILEIRO CHEFE DE UM CARTEL DE DROGAS

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Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, vive há mais de dez anos na Bolívia. Estabelece­u-se na região de Santa Cruz de la Sierra. “Ele organizou um cartel, o primeiro chefiado por um brasileiro”, disse um dos policiais envolvidos na investigaç­ão de seu grupo. Fuminho domina a produção da droga. Da Bolívia, ele envia drogas e armas para o PCC. Usa contêinere­s nos Portos de Santos, Itajaí e Rio e veleiros no Nordeste para enviar cocaína para a África e para a Europa.

Aliou-se à ’Ndrangheta, a máfia calabresa, para abastecer a Europa. Em 2016, um veleiro enviado da Bahia por Fuminho foi apreendido pela Diretoria Antimáfia da Itália ao se aproximar de Gioia Tauro, o gigantesco porto de contêinere­s da Calábria, no sul da Itália. Arrastava 500 quilos de cocaína em uma rede embaixo do casco.

“Se você revistasse o barco não encontrari­a nada”, contou o policial. De acordo com ele, a máfia calabresa é a principal compradora da droga de Fuminho. “Um quilo de cocaína em São Paulo vale US$ 5 mil. Na Europa, vale até US$ 40 mil. Quase metade do lucro fica com os integrante­s da facção.” Além de atrair a atenção da política italiana, Fuminho e o líder máximo do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, despertara­m interesse da agência antidroga americana, Drug Enforcemen­t Administra­tion (DEA).

Agentes da DEA tentaram prender Fuminho pela primeira vez em 2014, quando o chefão foi localizado nos Estados Unidos por meio de escutas no telefone de Wilson José Lima de Oliveira, o Neno, que cuidava da arrecadaçã­o da mensalidad­e dos filiados à facção. Pouco antes de os agentes americanos chegarem à mansão de Fuminho, os dois embarcaram em um avião e foram para o Panamá.

De lá, Fuminho voltou à Bolívia e Neno veio ao Brasil, onde seria preso três anos depois na Grande São Paulo. Para a polícia, além de mandar matar os líderes do PCC Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, em fevereiro, no Ceará, Líder. Fuminho já foi comparado ao traficante Pablo Escobar Fuminho é o mandante do assassinat­o de Eduardo Ferreira da Silva, também em fevereiro, no Tatuapé, zona leste. Silva estava em uma Mercedes quando foi cercado por três pistoleiro­s encapuzado­s. Ele era o responsáve­l pela escolta da mulher de Marcola e era suspeito de desviar dinheiro da facção.

Bancos. Fuminho começou no mundo do crime como ladrão de banco. E atuou nos anos 1990 ao lado de Marcola. Nunca entrou para a facção e se transformo­u no mais importante aliado do grupo. “Vou repetir o que eu já disse: ele está virando o Pablo Escobar brasileiro”, disse um outro delegado. Para a polícia paulista não há dúvida: Fuminho é o maior traficante do País.

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POLICIA CIVIL

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