O Estado de S. Paulo

GRUPO VENDE 45 MIL NÚMEROS DE RIFA E COBRA MENSALIDAD­E

Bando tem setores jurídico, de transporte­s e de compliance, segundo MP; contribuiç­ão de ‘associado’ chega a R$ 950 mensais

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Além de arrecadar com o tráfico local e internacio­nal de drogas, os integrante­s do PCC contam com R$ 1,9 milhão com a chamada cebola (a mensalidad­e paga pelos integrante­s da facção) e vendem 45 mil números de rifa a cada dois meses no sistema prisional. O valor de cada número é de R$ 40 (R$ 1,8 mi/mês). Já a contribuiç­ão de “associados” é de R$ 950 por mês, mais do que o dobro do valor pago por um sócio do Clube Pinheiros, na zona oeste de São Paulo (R$ 420), por exemplo.

Cada um desses setores é cuidado por um representa­nte da cúpula da facção, a Sintonia Final Geral, dirigida por Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. A facção tem ainda departamen­to jurídico – a sintonia dos gravatas –; departamen­to de transporte­s – a sintonia

Um dos novos setores da facção é a chamada Sintonia Restrita. Criada em 2017, ela reúne os pistoleiro­s da facção. Por enquanto, os alvos do grupo foram agentes prisionais e funcionári­os de presídios federais.

dos pés de borracha; e outros setores, como o dos ônibus (para levar as visitas dos presos). A organizaçã­o conta até com uma área que exerce a função de compliance: a chamada “disciplina”, que cuida das “boas práticas baseadas na ideologia da facção”.

Propostas. Para combater o crime organizado, o Ministério Público Estadual de São Paulo defende os investimen­tos na inteligênc­ia policial, a fim de prever tendências da criminalid­ade e identifica­r desdobrame­ntos do crime. Essa seria a única forma de identifica­r líderes e seus auxiliares mais importante­s.

Os promotores do Gaeco também consideram essencial aprofundar o monitorame­nto da movimentaç­ão da organizaçã­o para identifica­r sua rotina. Para os promotores, a ação controlada, a captação ambiental de conversas, a intercepçã­o telefônica e telemática, a colaboraçã­o premiada e a infiltraçã­o e a vigilância de campo são outros instrument­os importante­s para combater o grupo.

Por fim, eles defendem quatro medidas que deviam ser adotadas contra o Primeiro Comando da Capital: o isolamento dos principais líderes no Regime Disciplina­r Diferencia­do (RDD), a transferên­cia dos líderes para o Sistema Penitenciá­rio Federal, o aumento de prazo de internação do RDD de 6 meses para 3 anos e a criação de um regime intermediá­rio de cumpriment­o de pena a ser reservado aos presos ligados a facções criminosas no País.

4 mi é o total de remessas em reais para um doleiro em 15 dias em dezembro de 2017 feitas pelo setor do litoral paulista da facção. 500 quilos de cocaína era o tamanho do carregamen­to apreendido pela Diretoria Antimáfia da Itália em um veleiro que partiu do Brasil e se dirigia para a Calábria. 4 toneladas de cocaína por mês é a quantidade máxima de droga que o grupo envia à Europa. O grupo não manda droga para os EUA, pois esse é um mercado cativo dos cartéis mexicanos. 200 é o total de postos de gasolina que seriam controlado­s pela facção.

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