Jesus tem seu plano para crescer
Queridinho do mercado publicitário, garoto contrata empresa para se tornar celebridade no mundo. No amistoso de hoje, com a Croácia, será o capitão
O Brasil terá no amistoso de hoje contra a Croácia, em Liverpool, um capitão com idade de soldado raso: Gabriel Jesus. O garoto de 21 anos, completados recentemente, vai ganhar a patente no penúltimo teste da seleção antes da Copa, jogo que começa às 11h (hora de Brasília) em Anfield Road, em função do rodízio instituído por Tite e pelo seu bom desempenho sempre que defende o time. A braçadeira veio a calhar. É ponto positivo no plano de marketing desenvolvido para tornar Jesus uma das celebridades do futebol mundial.
Gabriel Jesus é, de acordo com pesquisas feitas do mercado publicitário, o jogador brasileiro com melhor imagem para receber investimentos depois de Neymar. Mas o camisa 10 está superexposto por ter quase duas dezenas de parceiros, o que faz do companheiro de ataque uma opção interessante. O jogador do City tem números mais modestos, e não deverá virar “arroz de festa” dos comerciais, mas terá atuação cada vez mais intensa em campanhas publicitárias e nas redes sociais.
O projeto da agência de marketing Octagon para tornar Jesus uma estrela em nível mundial teve início em 2017 e foi dividido em fases ou ciclos. O primeiro ciclo termina com a Copa do Mundo e busca consolidar a imagem do atacante no Brasil, na Inglaterra, onde joga no Manchester City, e ainda na Europa.
A partir do fim do Mundial terá início uma “fase de internacionalização” de Jesus. A ideia é torná-lo uma estrela na Ásia, sobretudo China, enos EUA, onde estão as grandes marcas.
Jesus ajuda. Sua imagem de bom filho, de garoto humilde que não esquece as raízes apesar do sucesso, o torna querido do público, sobretudo o jovem. É carismático e determinado.
Um dos caminhos para explorar esse potencial são as redes sociais, onde já é atuante. “A gente trabalha as principais mídias. Esse planejamento de mídia é crucial”, explica Gabriel Lima, CEO da Octagon, responsável pelo projeto para alavancar mundialmente a carreira do “xará”. Uma das metas é que o ex-palmeirense tenha 10 milhões de seguidores nas redes até dezembro – ultrapassa 5 milhões.
Tudo isso ajuda, mas bons resultados em campo são fundamentais. Ou seja, o “tamanho” do sucesso está ligado ao desempenho do jogador e do Brasil na Rússia. “O marketing pode ser bem planejado, mas depende da performance em campo para atingir o que foi definido como meta”, explica o executivo.
Segundo Lima, a Copa foi um “balizador inicial” para alavancar a imagem de Jesus. “Temos também um planejamento longo que envolve a carreira do jogador e depois disso”, informa.
Na fase que iniciará após a Rússia, o foco serão os novos mercados. “Vai começar um ciclo mais forte no mercado asiático e no americano também. O europeu é o principal mercado, pois ele joga na Inglaterra.”
Cuidados. Como a imagem do atacante “vende fácil”, ligá-la a produtos foi natural. Atualmente, Gabriel Jesus é garoto-propaganda de empresa de produtos esportivos, telefonia (por causa do “Alô, mamãe”), isotônico e de um refrigerante. Vem mais por aí, mas existe o cuidado de evitar a superexposição também. “Temos meta de quantidade de campanhas publicitárias. Não vamos saturar porque ele é jogador e tem de jogar”, diz Lima.
O CEO admite que há empresas interessadas em se associar a Gabriel Jesus, mas não diz quantas nem quais são. Também não revela valores envolvidos, alegando confidencialidade contratual. Todas as campanhas das quais Jesus participa precisa da anuência da agência. Existe o cuidado, e a exigência, de que ele atue de forma espontânea, natural, que demonstre seus valores éticos. “Tentamos deixá-lo solto, ser quem ele é. Essa é a essência”, diz Lima.