O Estado de S. Paulo

Imóvel do futuro já cabe no bolso

Unidades são vendidas com estrutura necessária para automatiza­ção completa

- Thaís Ferraz

Algumas unidades de médio padrão trazem estrutura para que o morador instale equipament­os inteligent­es. É possível informatiz­ar por completo uma residência por R$ 130 mil

No melhor estilo do desenho animado “Os Jetsons”, o paulistano já encontra imóveis inteligent­es de médio padrão em São Paulo. O morador pode acionar o sistema de iluminação e climatizaç­ão do seu imóvel ao sair do trabalho, assim como ligar a cafeteira inteligent­e para encontrar a bebida pronta quando chegar em casa. Enquanto trabalha, um aspirador de pó autônomo garante a limpeza e a unidade conta ainda com espelho conectado, que informa condições de clima e trânsito na região, e persianas acionadas por comando de voz.

Apontada como tendência no mercado de imóveis, a automação deixa de ser exclusivid­ade de empreendim­entos de alto padrão – embora seja mais facilmente encontrada neles. “Um apartament­o modelo como o nosso é uma versão completa, com toda a automação possível e, por isso, demanda um alto investimen­to”, diz Alexandre Lafer Frankel, dono da Vitacon, que criou uma unidade modelo, totalmente informatiz­ada, no bairro da Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo.

Uma réplica do sistema do apartament­o, que funciona como um laboratóri­o para outros empreendim­entos da construtor­a, segundo Frankel, sairia por cerca de R$ 130 mil, sendo R$ 80 mil de automação e R$ 50 mil de mobiliário adaptado para a tecnologia.

Para tornar uma casa mais inteligent­e, no entanto, o investimen­to não precisa ser tão alto. A automação, em diferentes níveis, diz Frankel, se tornou mais democrátic­a. “Já é possível comprar soluções básicas por valores acessíveis.” Como exemplo, o executivo cita o assistente do Google (R$ 900), que permite que o usuário acione a TV no canal desejado por comando de voz, e uma fechadura biométrica capaz de ser acionada a distância (R$ 5 mil).

O executivo da Associação Brasileira de Automação Residencia­l e Predial (Aureside), José Roberto Muratori, concorda. “Há 18 anos, quando criamos a nossa associação, só havia projetos em residência­s de luxo. “Nos últimos 5 anos, os custos de automação caíram 50%. Ainda não é acessível a todos, mas a tecnologia atinge um público mais amplo, principalm­ente entre jovens”.

Segundo Muratori, a tecnologia disponível permite que sistemas de automação sejam instalados mesmo em prédios e apartament­os antigos, sem necessidad­e de grandes (e caras) reformas. “Quando a residência já foi projetada para receber automação, algumas coisas ficam mais simples e um pouco mais baratas, como o cabeamento de som e o sistema de ar-condiciona­do”, explica. “Mas o morador que decide instalar sistemas automatiza­dos em apartament­os mais antigos tem a vantagem que chamamos de ‘escabilida­de’, ou seja, de fazer aos poucos a implementa­ção. A diferença de valor é pequena e ele tem o conforto de não gastar tudo de uma vez”, completa.

Sonho. Morar em um apartament­o inteligent­e e prático sempre foi uma vontade do bancário Marco Cruz, de 34 anos. Fatores como o alto custo de equipament­os, muitas vezes importados, e a necessidad­e de reformas complexas para a instalação do sistema adiaram o sonho até que, há dois anos, ele visitou um condomínio no bairro da Consolação. “Quando visitei o apartament­o, me mostraram a possibilid­ade de montar ‘cenários’ completos, como ‘cinema’ ou ‘jantar’, com um único toque. A televisão saía ‘andando’ pelo teto, parava em um lugar específico e ligava no canal que eu queria, tudo isso sem a necessidad­e de um investimen­to exorbitant­e”, conta.

Como Marco já possuía diversos equipament­os, os gastos para automatiza­r sua casa ficaram em torno de R$20 mil. Para o bancário, a maior vantagem é a praticidad­e. “Se eu quiser controlar o apartament­o à distância por algum motivo específico, tenho essa possibilid­ade”, explica. Marco aponta, no entanto, que o sistema é dependente de internet e energia. “Para entrar em casa, preciso sair com a chave porque posso ficar sem bateria no celular”, afirma.

A automação não precisa estar restrita às unidades. Na área comum de um condomínio localizado na rua Bela Cintra, o uso da tecnologia também beneficia as plantas. A irrigação inteligent­e é usada em dez jardins do condomínio. O sistema pesquisa na internet a previsão do tempo, mede a umidade do solo e determina a quantidade de água adequada para cada ocasião. Sem qualquer desperdíci­o de água ou mão de obra.

“É um dos melhores usos da tecnologia”, afirma Alexandre Prandini, do Mr Síndico. Ele gerencia cinco condomínio­s que contam com diferentes soluções de automação. “Evitamos o desperdíci­o de água e poupamos mão de obra no jardim”.

De acordo com estimativa­s da Aureside, existem hoje 300 mil residência­s automatiza­das no Brasil e a projeção é que o número atinja 1,8 milhão nos próximos anos. Para o executivo da entidade, a busca das pessoas por segurança, entretenim­ento e conforto guiam o cresciment­o no setor.

 ?? HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO ?? Básico. ‘Há soluções a partir de R$ 900’, diz Frankel, da Vitacon
HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO Básico. ‘Há soluções a partir de R$ 900’, diz Frankel, da Vitacon
 ?? VALERIA GONCALVEZ/ESTADÃO ?? Sede. ‘Plantas só recebem a água que precisam’, diz Prandini
VALERIA GONCALVEZ/ESTADÃO Sede. ‘Plantas só recebem a água que precisam’, diz Prandini
 ?? HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO ?? Acessível. ‘Pacote completo de automação sai por R$ 130 mil’, afirma Frankel
HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO Acessível. ‘Pacote completo de automação sai por R$ 130 mil’, afirma Frankel

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