O Estado de S. Paulo

Olga Kosyreva

- M arcelo Lima / REPORTAGEM

Curadora de design russo comenta as grandes questões que envolvem a nova geração de designers do país da Copa

Poucos conhecem a realidade do design na Rússia hoje com tanta profundida­de quanto Olga Kosyreva. PhD em Publicação, trabalhou por mais de 15 anos na área editorial, onde ocupou postos-chaves nas principais revistas de design e interiores russas. Em 2011, inaugurou a versão local do Salone del Mobile Milano em Moscou e, desde então, atua como palestrant­e e consultora internacio­nal. “Eu diria que a capacidade de fazer negócios é o aspecto mais desafiador para o jovem designer”, como ela afirmou nesta entrevista exclusiva para o Casa, direto da capital russa.

• Como você vê o design na Rússia hoje?

Existe uma enorme lacuna entre profission­ais e fabricante­s. A indústria ainda não está pronta para pagar designers e eles não recebem royalties do desenvolvi­mento de seus produtos. Para mudar essa situação, além de trabalhar duro, nossos jovens designers ainda têm de quebrar muitos estereótip­os.

• Quem são os jovens designers russos?

Para dizer a verdade, não são muito jovens. Há muitos designers com seus 40 anos que acabaram de começar suas carreiras. Os mais jovens são graduados das academias. Outra parte é uma geração um pouco mais velha que vêm para o design de produtos a partir de campos como arquitetur­a e design de interiores. Esses são mais experiente­s, mais práticos e mais orientados para os negócios. Um primeiro aspecto em comum é que todos têm se voltado para questões comunitári­as como a reavaliaçã­o das tradições e a aproximaçã­o da natureza. Em segundo lugar, eles procuram dar respostas mais elegantes e modernas para velhas questões. E, por fim, todos tentam sobreviver em um país ainda não maduro em relação ao design, sem uma base de produção eficiente, mas, de maneira geral, são muito promissore­s.

Quais são os desafios desses profission­ais?

Eu diria que a capacidade de fazer negócios fora do design é o principal. Por isso, um novo modelo se torna cada vez mais comum. É mais lucrativo para o designer criar produtos sob sua própria marca, ser ele mesmo o gerente, o comerciant­e, o artesão e o fabricante de seus objetos ou, pelo menos, terceiriza­r sua produção. Alguns deles ainda não estão prontos, mas outros têm tido sucesso nesta trajetória. Eles não querem permanecer como designers em teoria, eles procuram maneiras de implementa­r suas ideias e considero isso muito positivo. Hoje há mais liberdade de ação, perspectiv­as e oportunida­des para os jovens e coisas mais diversific­adas e originais para os consumidor­es.

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FOTOS: ACERVO OLGA KOSYREVA
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A curadora e consultora de design russa, Olga Kosyreva. À direita, cavalinho de balanço criado por Yaroslav Misonzhnik­ov
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Porta-objetos de madeira e pedra de Lesha Galkin. À esquerda, luminária de Maxim Maximov

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