O Estado de S. Paulo

Robson Morelli

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Não se pode tomar por base a atuação da seleção no amistoso. Parecia treino e não disputa.

Não devemos tomar por base o que vimos da seleção brasileira contra a Croácia em Liverpool. A única informação relevante do jogo foi a volta de Neymar. Nem o resultado de 2 a 0 nos interessa para a Copa do Mundo. Tudo me pareceu cauteloso demais das duas partes, com muito respeito e gentilezas que não veremos em campo na Rússia, nem na primeira fase, tampouco nas partidas eliminatór­ias, quando a derrota manda o perdedor de volta para casa. Brasil e Croácia estiveram longe do que pretendem na competição que começa dia 14.

Principalm­ente o Brasil. É possível, no entanto, ler alguma coisa nas entrelinha­s da seleção de Tite que se prepara para estrear contra a Suíça, dia 17. Marcelo, decididame­nte, será uma opção de saída pela esquerda, passes para o meio e viradas de bola certeiras.

O Brasil não tem como renunciar ao seu talento, visão de jogo e qualidade técnica na parte ofensiva do campo.

Mas para Marcelo atacar e fazer diferença, terá de ter boa cobertura. Casemiro fará isso. Mas não fará bem se tiver de dividir seu terreno de atuação com Fernandinh­o. Os dois se perdem e se confundem quando estão juntos.

Pareceu-me bastante claro ainda que Willian segura marcação e posição e inferniza defesas quando acionado. É o único driblador da seleção. Sem ele, o time tende a embolar no meio. Da mesma forma, Philippe Coutinho funciona melhor ao lado de outro meia e não de um volante. Ele fica mais alegre em campo quando consegue conversar com alguém que fala seu idioma. E esse cara não é o Paulinho.

Se taticament­e o Brasil funciona melhor com outras peças que saíram do banco em Liverpool, durante a Copa do Mundo a seleção será muito mais rápida na transição e jogará com bem mais pegada em todos os setores. O que vimos ontem foi um amistoso às vésperas da principal competição do planeta, portanto, com disputas bem mais próximas de um treino do que de uma partida valendo classifica­ção.

Até o dia 17, quando o Brasil fará o seu primeiro jogo na Rússia, Tite vai dosando aqui e ali seu elenco, respaldado pelos conselhos e testes clínicos de sua competente comissão. Mas ele sabe que a partir daí a seleção terá de jogar sem freios, com mais vontade e acelerada em todos os sentidos. Não terá mais essa de aguardar para ver, esperar para testar ou poupar para se recuperar. É Copa do Mundo, meu caro Tite! Não há margens para erros ou vacilos, dúvidas ou falta de confiança. São sete jogos até a final e nada pode importar mais do que esses sete jogos. O que não quer dizer que o Brasil deva abrir mão de suas convicções e do que foi planejado para a disputa, embora o próprio Tite, inexperien­te em competiçõe­s internacio­nais com a seleção, tenha admitido que o Mundial é capaz de apontar caminhos que alguns times devem seguir em meio ao torneio.

Ocorre que o Brasil tem um jogador que apenas outras duas seleções da Copa podem se gabar de ter melhor. Refiro-me a Neymar, mesmo um Neymar com 80% de suas condições físicas, como ele mesmo confessou, ainda sem confiança e com receio de colocar o pé sarado de cirurgia. A Argentina tem Messi. Portugal, Cristiano Ronaldo. E o Brasil tem Neymar. Esses três são os únicos capazes de mudar a história de um jogo, como fez o brasileiro em Liverpool, ainda meia-boca, quando a seleção se enroscava no rival.

O Brasil tem um bom time e soube se valer dele nos últimos três meses, quando o craque do PSG se ausentou forçosamen­te devido à lesão. Mas ficou claro também ontem que, diante de adversário­s europeus e mais bem postados taticament­e, a seleção brasileira é um time comum, como tantos outros bons times e alguns até candidatos ao título na Rússia. Daí a alegria de todos pela volta do craque do PSG.

O Brasil vai correr mais e jogar mais também na Rússia, sobretudo com Neymar 100%

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