O Estado de S. Paulo

Bala perdida

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A demissão de Pedro Parente da presidênci­a da Petrobrás é uma bala perdida no peito do setor sucroalcoo­leiro. A política de formação de preços de combustíve­is introduzid­a por Parente desde junho do ano passado não apenas pôs o caixa da empresa em ordem, mas, por osmose, trouxe previsibil­idade ao etanol, tão carente de investimen­tos e que sofreu com o congelamen­to de preço da gasolina nos governos populistas de Lula e Dilma. O setor, que chegou a ser responsáve­l por quase 55% de todo o combustíve­l utilizado na frota de veículos leves, hoje responde por menos de 40%. Pagou caro a conta do populismo chavista da incompeten­te administra­ção de Dilma. Com a saída de Parente abre-se uma lacuna e aumenta a incerteza. Na carta de demissão, ele pediu ao presidente que mantenha a política de transparên­cia na formação de preços. Lamentavel­mente, o Congresso brasileiro é formado, em sua imensa maioria, por gordas ratazanas que se alimentam de propinas, conchavos e troca de favores. O político brasileiro tem um enorme compromiss­o ético e moral com o próprio bolso. A perda de informaçõe­s privilegia­das e de influência na indicação de apaniguado­s para ocupar as diretorias da estatal, escolhidos a dedo pelos partidos para assaltar-lhe os cofres, sofreu duro revés após Parente assumir a estatal e dar-lhe caráter profission­al. Isso deve ter incomodado as ratazanas. As declaraçõe­s do presidente do Senado mostram quão desprepara­dos ou mal-intenciona­dos são os homens no poder. Essa corja funesta custa aos bolsos do contribuin­te R$ 12 bilhões por ano. A título de comparação, o Congresso dos EUA custa ao seu contribuin­te US$ 4,6 bilhões/ano. Consideran­do o PIB dos dois países, o Brasil gasta o dobro dos EUA, mas o poder de destruição dos políticos brasileiro­s não tem paralelo.

ARNALDO LUIZ CORREA arnaldocor­rea@gmail.com Santos

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