Pós-Marielle, evento acentua tom político, em meio à festa.
Em reedição friorenta do carnaval, folia foi marcada por apelos políticos; após a dispersão, duas pessoas foram esfaqueadas em Higienópolis
A 22.ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo ocorreu ontem, na região da Avenida Paulista, com discursos políticos visando às eleições, pedindo o fim do preconceito e da homofobia, e denunciando agressões no País contra os cidadãos das diferentes orientações sexuais. E terminou em uma reedição (mais friorenta) do carnaval de rua, com muitas fantasias e consumo de catuaba.
Todos os 18 trios elétricos que empurraram a multidão desde a concentração, na frente do Museu de Arte de São Paulo (Masp), até o fim da Praça Roosevelt, na Rua da Consolação, tinham bandeiras com urnas e frases com o tema “Poder pra LGBTI+: Nosso voto, nossa voz”. De tempos em tempos, se ouvia um “Fora, Temer” puxado pela multidão. Os organizadores estimaram em 3 milhões o número de participantes.
Antes de a Parada começar, a viúva da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada em março, a arquiteta Monica Tereza Benício, discursaram. “Apesar de ter cara de festa, é um ato político. É resistência. Temos de vir para a rua fazer festa, mas também para fazer revolução. Isto aqui é revolução. Por nenhuma Marielle a mais assassinada, por nenhum gay assassinado, por nenhuma lésbica assassinada e nenhuma trans assassinada”, afirmou.
A recepção foi menos amistosa para o prefeito Bruno Covas (PSDB), que fez um discurso, de menos de dois minutos, sob vaias. “A cidade de São Paulo tem de dar exemplo para o mundo de orgulho e de diversidade. Parabéns a todos vocês e um excelente evento.”
Violência. Na dispersão da parada, duas pessoas foram esfaqueadas na Rua Sergipe, em Higienópolis. De acordo com a Polícia Militar, o crime foi cometido por volta das 18h e três travestis são suspeitos de realizar o ataque, mas ninguém foi preso. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. Um dos feridos foi levado para a Santa Casa e o outro, para o Hospital das Clínicas. A corporação não divulgou a identificação nem o estado de saúde das vítimas.